segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Back to Argentina – Tiroteio no Caminito, cuidado com os taxistas, La Plata cidade cultural, terrível chegada na chácara, os argentinos são mais tranquilos, programasso barateza na cidade portenha

Estava triste por ter saído do Uruguai, mas ao mesmo tempo muito feliz por ter voltado a bela Argentina dos preços maravilhosos. Como na primeira semana que estava na Argentina não aproveitei muito para conhecer lugares turísticos, desta vez resolvi seguir as programações básicas e o primeiro lugar que eu teria que visitar era, sem dúvidas, o Caminito.

Uma dica ótima para quem está indo para Buenos Aires, é instalar o aplicativo BA – Como llego. Nele você escreve onde está e para onde quer ir e pronto, há um milhão de rotas diferentes que pode tomar dizendo exatamente onde passa cada ônibus, trem ou metrô. Vale mesmo muito a pena comprar um chip em cada país que vá. Eu optei pela operadora Personal porque sou Maria vai com as outras. Já que meu amigo italiano tinha personal, comprei Personal também e boa, não me arrependo. Assim você pode usar o 3G e se guiar tranquilamente com o aplicativo.



NÃO ACONSELHO A PEGAR TÁXIS EM BUENOS AIRES A NÃO SER QUE VOCÊ MANJE MUITO DA CIDADE! Não sei o que passa com os condutores de ônibus e táxis na capital argentina, só sei que todos (ou quase todos) têm um humor terrível e a vontade de te ajudar é sempre a mínima. Por sorte todos os motoristas me disseram onde eu teria parar e tudo mais, mas sempre fiquei acompanhando a rota pelo GPS porque eles diziam “se eu lembrar onde você tem que descer, eu aviso” e convenhamos que isso não passa muita confiança.

Saiu no jornal que na semana passada um motorista de ônibus estava fumando enquanto dirigia (assim, na moral, a luz do dia) e um homem disse que ele não podia, que era lei e não sei mais o quê. O problema é que o cara se enfezou, parou o ônibus e começou a agredir o passageiro! Não contente com as pancadas, arrastou ele pra fora do veículo e continuou a briga. Para se proteger, ele (passageiro) pegou uma pedra e mandou ver no babaca. Não satisfeito com toda a merda, o cidadão entrou no ônibus e voltou com uma faca! E aí por sorte algumas boas almas separaram a briga e chegou a polícia. Pasmem, o motorista continuou trabalhando normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Faquinha na mão, sangue no peito e uma pancinha cheia de más intenções.
Cuidado, ele pode estar dirigindo seu ônibus em sua visita à Argentina MUAHAHAHAHAHAHAHA >:D

Uns amigos americanos pagaram uma nota para andar nem 8km de táxi, algo em torno de 150 pesos, o que é um roubo pelo trajeto! Portanto, se forem tomar táxi, aconselho a indicarem o caminho que o taxista tem que seguir ou se não podem se arrepender amargamente. Outro detalhe é que muitos, assim que escutam o sotaque de estrangeiro, cobram como bandeira dois! Então é melhor sempre verificar o quanto começa a cobrar porque não é só a quantia inicial que aumenta, é toda a cobrança da quilometragem! Portanto fiquem espertos com esses caras. Andar de ônibus e metrô não mata ninguém, né?

Rumo ao Caminito, tomei um ônibus em frente a Plaza Itália e cheguei ao bairro La Boca em pouco mais de uma hora porque fica um pouco longe mesmo. O Caminito é lindo, mas tome muito cuidado ao chegar lá porque o bairro é bem complicado, uma região bem marginalizada e com alto índice de criminalidade.

Que lugar maravilhoso! Excelente ponto turístico e uma máquina de dinheiro também. Avistei aqueles lugares para meter a cara e tirar foto e achei bem bacana um que tinha do futebol e o único para pessoas forever alone como eu que fui ao Caminito sozinho (snif), porque todos os outros eram para casais. Pedi para uns americanos sacarem uma foto e corri para meter a cara no buraco (ui!). Estava todo feliz me posicionando e sai um maluco do nada gritando “20 PESOS!!! 20 PESOS!!!”! Logo entendi que qualquer peido pela região me sairia por, no mínimo, 20 pesos.

Pra valer os 20 pesos coloquei a imagem aqui, no instagram e no Facebook! Vou colocar no Fotolog também!
Estava cagado de fome e resolvi procurar alguma opção barata pra comer. Cheguei em um comércio de roupas e perguntei gentilmente ao homem “Hola, como estás? Sabes donde yo puedo comer em un lugar más económico? :D”, em menos de 10 segundos ele me levou a um homem que estava no meio da rua e disse a ele “EL QUIER COMER” e este segundo homem me levou a uma mesa, me trouxe cardápio e logo o garçom estava perguntando o que eu queria comer. Na real eu nem queria comer lá, mas tudo aconteceu tão rápido que nem percebi quando estava pedindo uma pizza de mussarela. Famosa seleção “mais barato... mais barato... qual é...”, daquelas que nem te importa o que vai comer e sim o quanto vai pagar. Uma vez pobre, pobre em qualquer lugar. Antes da pizza chegaram uns pãezinhos com vegetais bacanas que comi como se fosse um homem que acabara de sair do deserto do Saara com uma fome jamais vista no Caminito e os pãezinhos desapareceram em poucos segundos. Pensei “Que bacana, inclui entrada!”. Como é costume na Argentina, pensei em dar 70 pesos no total, porque a pizza era 55 pesos e como é costume deixar gorjeta, deixaria uma boa quantia, porque geralmente a galera dá 10% ou menos.

O garçom é ligeiro, mas a pizza é uma delícia. Para facilitar:
Jamón = presunto
Pollo = frango

A pizza chegou, estava deliciosa e enquanto estava comendo, ouvi uns barulhos e como estava cagado de fome, nem me dei ao trabalho de olhar o que era e só pensava “pizza deliciosa, puta merda, que delícia! Caminito é caro, mas tá bom hein, meu chapéu” quando me dei conta que eu era a única pessoa comendo nas mesas da rua e que o garçom estava gritando, de dentro do restaurante “BRASILEÑO VENI ACÁ AHORA!!!!!”. Assim descobri que tava rolando um tiroteio a duas quadras na mesma rua e que a polícia já havia tomado o local! Uau! Que eu sou distraído já sabia, mas não tinha ideia de que era tanto assim. Dentro do restaurante estavam todos com tanto medo quanto eu estava com fome. Pelo que disseram, estava rolando alguma treta entre uns caras na rua e um deles sacou o trabuco e tascou fogo, mas não pegou em ninguém. Acabou que não deu em nada. A polícia chegou, os caras correram e minha pizza esfriou (beleza). As pessoas estavam chocadas com o tiroteio, mas eu fiquei chocado mesmo é com a pachorra que o garçom me aprontou. Peguei a conta e estava cobrando a entrada, por 15 pesos! Entreguei os 70 pesos e ele me olhou com cara de cu, mas pra mim estava muito bem pago, afinal de contas eu pedi uma coisa e não a outra, então ficou sem gorjeta, panaca.

Back to Caminito, saquei uma porção de fotos e quase me arrancaram mais 30 pesos porque fui tirar foto da paisagem e acidentalmente quase peguei na foto um Maradona fake que cobrava para tirar foto com ele. Chegou todo puto dizendo que eu teria que pagar a foto, aí mostrei que ele não apareceu e ele voltou pra sua cadeira com um humor terrível. Cuzão igual ao Maradona! Um cover respeitável.

Estava transitando por entre umas instalações lindas e bem características da região e encontrei um simpático homem tocando acordeom que quando me viu com a camiseta do Led, começou a tocar nada mais nada menos que Stairway to Heaven! HÁ! Esse conseguiu me arrancar 20 pesos fácil.



Para quem tem grana, tem uma porção de restaurantes bacanas e caros para ver o belíssimo tango! Para quem não tem, uma boa opção é comprar uma água mineral e ficar olhando de pé, ao lado das pessoas que estão pagando no restaurante caro! Tã dããããã! Há, o pobre sempre dá um jeito legal de fazer as coisas. Vão cobrar porque você tá olhando algo que tá na rua? Não né? Só não tire foto porque já sabe né?

Do Caminito fui direto para o Cemitério de Recoleta, que é um lugar lindo e onde estão enterradas grandes figuras argentinas. Lá estava meio perdido porque havia perdido as visitas guiadas, mas pedindo informação se consegue tudo e tive a sorte de ter uma mini visita guiada por um médico argentino muito brother que me levou até o túmulo da Evita. Para quem não conhece Evita além do bordão “DON'T CRY FOR ME ARGENTIIIINA” saiba que Evita foi uma revolucionária artista argentina que lutou muito pelas classes menos favorecidas chegando a se tornar vice presidente em uma época em que as mulheres não tinham muita voz, enfim, é um grande personagem na cultura Argentina e também no mundo. Vale a pena fazer uma visitinha na cripta dela.

"Amigo, tira uma foto pra mim? Meu pé não tá muito bacana, pega a partir da canela que fica bom"
Esta foto abaixo é da cripta de Rufina Cambaceres, o segundo túmulo mais visitado do Cemitério de Recoleta. Mas afinal, por que é o segundo mais visitado se ela não foi nenhum personagem político, atriz ou algo assim? Rufina só ficou famosa depois que morreu... ou quase isso. Ela foi diagnosticada morta e assim foi enterrada. Mas diferente dos clássicos túmulos do Brasil, eles não enterram o paletó de madeira. Ele fica numa casinha bonita! Então meteram a pobre Rufina no paletó e mandaram para a casinha. Acontece que durante as noites, os coveiros começaram a escutar gritos vindos de algum lugar e passaram dias até que descobrissem de onde vinham os gritos. Resolveram abrir o paletó que vestiram Rufina e encontraram ela em uma posição muito diferente de quando ela havia sido “vestida”. A pobre coitada havia sido diagnosticada morta por engano e até pouco tempo antes de descobrirem, ela estava vivinha! Clamando aos deuses para que alguém a escutasse de dentro do paletó do destino final. Pobre coitada... enfim, agora vocês sabem porque Rufina recebe tantas visitas.


Os amantes dos gatos vão sentir muita pena dos pobrezinhos que transitam pelo cemitério. Muitos estão bem machucados :( Este pobrezinho mal conseguia andar, estava todo manco :(


Marco, meu amigo italiano que vive em Buenos Aires, é um cara muito bacana. Tem grana e curte programações baratas. Cara esperto, jamais vai ficar pobre. Com ele fui assistir Relatos Savajes, o primeiro filme argentino que assisti e que deu record de bilheteria por aqui. Filmasso, engraçado pra caraio. Melhor que o filme, só o preço! Marco me levou a uma região inóspita conhecida pela abundância de oferta de profissionais do sexo e pelo crime, MAS TAMBÉM pelo cinema barateza. Pagamos uma bagatela de 6 pesos para assistir um filmasso que estava em cartaz também nos melhores e mais caros cinemas. Como disse o Marco, por que diabos vou pagar uma grana pra assistir a mesma porra de filme que aqui pago 6 pesos? Continuando a programação barateza master passamos na pizza de 5 pesos e compramos uma pizza grande para nós por 42 pesos (8 fatias + 2 pesos pelo orégano – justo). Depois de comermos fomos a um bar gay onde estava meu amigo brasileiro Thiago, também meu anfitrião em Buenos Aires. Esse sim era um lugar caro. Quem me conhece sabe que não bebo alcoolicos e então pedi uma água com gás e limão espremido, o de sempre. TRINTA E CINCO PESOS! MEU DEUS! E não era nem uma garrafa, era uma porra dum copo. Mais caro que o cinema e a pizza! No bar gay (Peauteau) não haviam opções pra mim, visto que curto umas tetéias e as tetéias que estavam lá gostavam da mesma fruta que eu, logo eu estava como uma cebola na salada de frutas, mas estava divertido igual com brothers do Thiago super engraçados. Para quem quer viajar e tem preconceito com gays, saiba que a maior parte das pessoas que me hospedaram em toda minha viagem até agora são gays! Quem é preconceituoso não sabe as amizades que estão perdendo. No Uruguai, por exemplo, um casal gay que me hospedou, me divertiu pra caralho fazendo um milhão de piadas e ainda me apresentaram uma porção de mulheres maravilhosas (não peguei ninguém, beleza, mas conhecer é sempre bom).


No dia seguinte tomei um metrô até a estação Constitución e de lá com um trem fui até La Plata. Viajar 120km de trem por 2,25 pesos? Coisas que só a Argentina faz por você. Lá fiquei na casa de uma boliviana fera que conheci no Uruguai.

Algo engraçado para relatar é que vendem de tudo nessas viagens de trem! De tudo mesmo! Alfajores, remédios para dor, ervas para digestão, pilhas, chicletes, linhas de costura, incensos, filmes (a lá DVD DVD DVD UM É 5 TRÊS É 10 do Brasil) e cds com compilados de músicas. A maneira como os caras que vendem os compilados de música fazem me chamou muita atenção! Os caras entram no vagão com um minisystem no talo tocando uma porção de músicas nacionais e internacionais! E o que achei mais legal é que as pessoas não se incomodam, muito pelo contrário! Até balançam a cabeça como quem estão curtindo! Uau, um mundo extremamente diferente mesmo. Depois de conhecer a Argentina fiquei pensativo a respeito de como a sociedade brasileira se importa e julga muito a todo momento. Temos muito a aprender com os hermanos. Obviamente todos temos muito que aprender uns com os outros.

La Plata é uma cidade que me chamou muita atenção. Simples a quem observa superficialmente e muito rica para quem se aprofunda. É uma pequena cidade universitária com um excelente nível de educação. Cidade inteligente e bem planejada. Tem as ruas todas por números (assim como é Balneário Camboriú) e bem quadradadinha, fazendo com que as pessoas encontrem tudo muito facilmente. Cheia de praças grandes e pequenas em todos os cantos. Lá tem um centro cultural onde passam grandes óperas, teatros e demais obras artísticas. Fui assistir uma ópera, mas os preços estavam muito salgados. Os melhores lugares estavam custando 180 pesos, MAS (em caps mesmo) havia um desconto master de 90% para pessoas de até 25 anos! Assim paguei uma pechincha pra assistir uma ópera maravilhosa que me fez chorar um par de vezes. Os músicos argentinos me impressionaram com muita beleza e profundidade em cada ato. Uma harmonia tremenda que emociona a quem tem a arte como uma das prioridades de sua vida.


Na noite deste dia tomei coragem e resolvi investir em uma empreitada romântica com a boliviana e por sorte neste dia começou um verdadeiro intercâmbio cultural extremamente enriquecedor. Conversar com um estrangeiro é algo que agrega, ter um estrangeiro em casa é algo que agrega mais, mas nada se comparada a ter uma relação com um estrangeiro (ou neste caso, estrangeira).

No dia seguinte fui convocado a fazer a segunda edição da Noite da Caipirinha, mas desta vez em La Plata, somente para meus amigos hermanos. Compramos kiwi, morango, limão, abacaxi e limão e os argentinos tomaram como água durante toda a noite. Mais um sucesso brasileiro na Argentina! Como havia dito no post anterior, as baladas (aqui a palavra para balada é boliche – bolitche numa gramática abrasileirada) começam muito mais tarde que no Brasil, como três da manhã! Assim saímos da noite da caipirinha e fomos curtir um boliche.

Foco é para os fracos
Ao que me parece, os argentinos são pessoas muito mais tranquilas que os brasileiros mesmo. Artistas tem mais liberdade para fazer seu trabalho e as mulheres usam pouca maquiagem ou nada de maquiagem. A beleza é mais natural. E no Brasil a mulherada fazendo o desafio da cara limpa HAHAHAHAHA é uma crítica construtiva, não é? Essa ditadura da beleza que a sociedade impõe no mundo todo é algo muito absurdo e doente. Li uma matéria sobre a Coreia do Sul que diz que a porcentagem de mulheres que fazem cirurgias plásticas é altíssima e que estão sempre em busca dum modelo perfeito de beleza. Creio que no Brasil não muda muito isso também, já que o número de cirurgias plásticas é altíssimo também. Que triste esse mundo onde as pessoas pensam que a beleza está na estética e esquecem bem que pensar e estar bem consigo mesmo é muito mais saudável que qualquer toque de “beleza”. Beleza é poder rir e se divertir consigo mesmo sem necessitar demais adereços. Bom, fica aí o pensamento do dia.

No domingo parti para Ezeiza, mas até chegar lá foi um tremendo perrengue. Para chegar à chácara eu deveria tomar uma van (aqui chamam van de kombi, mas não é kombi, all clear?) que sairia do Obelisco as 20:30, mas por problemas de organização – AQUI FICA CLARO QUE É BEM LEGAL ORGANIZAR TUDO ANTES DE VIAJAR, POR FAVOR – cheguei ao Obelisco exatamente as 20:25 e o lugar pra pegar a “kombi” era exatamente ao lado do monumento, mas como eu não sabia o local exato, fiquei correndo de um lado para o outro numa chuva cabreira e acabou que cheguei ao local 10 minutos depois da van ter saído.

Desesperado, liguei para o serviço “Moça, por favor, não tem outra van? Sou estrangeiro e preciso chegar em Ezeiza hoje!” Mas não tinha xororô, não havia mais nenhum direto até onde eu precisaria chegar. Não havia mais NINGUÉM no terminal de kombi, só eu, os trabalhores de outras empresas de transporte e... uma mulher. Esta mulher escutou eu falando no telefone e disse:

- Onde exatamente você precisa chegar?
- É uma chácara em Ezeiza, que tem um espaço zen.
- Qual é o nome?
- Las Tierras de Avalon.
- Sério? São meus clientes, posso ajudar você a chegar lá.

Essa boa alma (acredito até agora que seja um anjo, na moral, porque nenhum dos donos conheciam essa mulher com todas as descrições que disse) me levou com uma kombi até o Shopping Las Toscas (tosco esse nome, né? Ba dum tss) e de lá eu teria que tomar um remís até a granja. Um remís é tipo um táxi, só que mais barato porque não é do governo. O remís me sairia 35 pesos e perfeito, estava de bom tamanho. O anjo foi comigo até o centro de remís solicitar um para mim para que não fizessem outro preço porque sou turista (ah esses oportunistas...).

O remís chegou e entrou na região das chácaras. O problema é que estava um temporal absurdo e as ruas de barro estavam todas alagadas. O taxista tentou contornar as áreas alagadas, mas não havia como porque justo rumo ao meu destino, estava um completo banhado. O taxista rodou um montão e eu perguntei:

- Amigo, já estamos rodando há um bom tempo. Já passou dos 35 pesos que a mulher disse que sairia?
- Já sim, agora está em 42, mas se a mulher te disse 35, então será 35 pesos.

Fiquei impressionado com a honestidade e cordialidade do taxista e aí ele me explicou que nos grandes centros os taxistas são mais cuzões mesmo e que nas cidades menores são condutores mais honestos. Disse ao homem que me deixasse onde conseguisse chegar mais perto e que de lá eu caminharia rumo ao meu destino. O homem me perguntou se eu tinha certeza da loucura que estava prestes a fazer e eu concordei, afinal, as vezes invento cada uma mesmo.

Saí do táxi e a chuva estava muito forte! Um temporal que até então não havia presenciado na minha viagem. Onze e meia da noite, no meio do nada, longe pelo menos 10km de qualquer civilização, em um país que mal conheço, em uma região que nada conhecia, segui caminhando com uma tempestade brutal. Em certo ponto do caminho a água estava tão alta que passava dos meus joelhos e dificultava minha caminhada. Vamos revisar, eu não havia mencionado que estava com o notebook e o celular, né? Bom, continuei caminhando pensando seriamente se o que estava fazendo era uma grande cagada e que deveria pensar melhor em próximas decisões da minha vida (se eu conseguisse passar dalí).

Caminhei dois quilômetros nessa situação e uma hora bateu um pequeno desespero, mas nessas horas não há opção senão manter a calma. Uma hora passei do banhado e assim cheguei a uma parte que só havia lama, mas pelo menos não havia água passando dos joelhos. Continuei caminhando e avistei uma pequena cabana com uma luz fraca e gritei com toda força que a vida em desespero me permitiu:

- HOOOOOOOOOOOOOOOOOOLA!!!!! BUENAS NOCHES!!!!!!!!!!!!!! POR FAVOR ME AYUDA!

Saiu um cidadão um pouco estranho, meio manco, com botas até os joelhos e com um chapéu que cobria a maior parte da sua cara.

- Que necesita, flaco? (flaco = magro)

Perguntei da chácara de Las Tierras de Avalon e o cara não tinha ideia, então disse o nome da chácara e ele apontou a próxima casa. Enfim, uma luz no fim do túnel. Cheguei, toquei a campainha e boa, o homem apareceu e me abrigou. Mas eu não estava tão a salvo assim...

Mais no próximo post ;)


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