sábado, 22 de setembro de 2012

Somos cegos, surdos e mudos, mas foram eles que nos deixaram assim


   Estamos em pleno 2012, em um mundo globalizado onde se fala de acessibilidade e tecnologia. Era na qual a Apple é líder de mercado por ter como maior diferencial, a facilidade para manipular seus aparelhos, mostrando que todos estão cansados de complicações. Antigamente, quanto mais complicado, mais inteligente, pois de certa forma fazia de seus criadores e usuários, gênios. É uma grande pena que este novo conceito não tem se estendido a um assunto importante, a língua na qual todo cidadão deveria ser fluente, o conceito no qual todo cidadão deveria ter seu esclarecimento, a política. É uma grande pena que o brasileiro não entenda a política e neste post vou expor importantes informações a respeito do porquê vivemos esta realidade.

               Faz pouco tempo que comecei a me interessar de fato pelo assunto neste ano. Sou da opinião que política não é um dos assuntos mais legais, mas é necessário compreender sua importância. O fato de eu nunca ter me interessado anteriormente, deve-se ao fato de eu ter sido um cidadão despreocupado? Também.

Gostamos de informações fáceis de compreender, algo que consiga prender nossa atenção tornando o momento do estudo prazeroso. O grande problema é que os ensinamentos de política são passados como se não fossem tão importantes, não sendo um problema dos professores de filosofia/história e sim dos líderes do poder público que ditam o que é pertinente ou não o aluno aprender. Você já teve alguma aula na qual o professor ensinou o que faz o presidente, governador, prefeito, vereador, etc? Se sim, que bom, teve uma educação ao menos justa neste ponto, mas a maior parte dos brasileiros não teve esta oportunidade.

Semanas atrás estava pesquisando candidatos a prefeito e até tive sucesso na empreitada. Encontrei vídeos de debates no You Tube, a Gazeta do Povo contribuiu significativamente com as sabatinadas e com base nestas e em outras informações pude decidir meu voto. O grande problema que encontrei foi quando comecei a pesquisar sobre vereadores.

Para prefeito tudo bem, são só 8 e boa! Pude pesquisá-los um a um, no começo com certa dificuldade, mas aos poucos encontrei informações que posso chamar de centralizadas, como as sabatinadas já citadas. Quando verifiquei que o número de vereadores era 755, pensei “Bom, com tantos candidatos, deve ter algum portal com informações breves das propostas, fazendo com que o cidadão se sinta mais a vontade e possa escolher seu candidato.” Encontrei esse treco:

http://oestadodoparana.pron.com.br/politica/noticias/67753/?noticia=vereadores-com-suas-propostas-para-a-juventude

Digo treco porque isso pra mim não serve de nada, a não ser pra ver qual candidata é mais gatinha ou algo idiota do tipo, porque sinceramente, olhem esta proposta:


 Não faço questão de riscar o nome do candidato porque este tem mesmo é que ter vergonha de como está se apresentando à população. Se a droga do jornal limitou em caracteres o campo, que, por favor, explique em miúdos (bem miúdos) algo sobre a proposta, algo que incite uma pesquisa mais afim. Lembrando que provavelmente estes pagaram pra estar aí já que não constam nem um terço dos candidatos.

Confesso que pensei assim porque na academia, através dos conhecimentos de marketing, estudamos que a informação importante necessita estar atrelada a acessibilidade, o que definitivamente não acontece na política. Não é a toa que pouca gente se interessa, afinal de contas, como tomar gosto por algo completamente desestruturado no quesito “acesso a informação”? O brasileiro mal gosta de ler, quem dirá ficar caçando informação sobre candidato.

Não sei até que ponto isso poderia ser feito, mas já que a gazeta tem toda uma estrutura sobre as eleições em seu portal, no mínimo deveriam constar as propostas de cada um, com um arquivo a ser disponibilizado para download ou algo do tipo. Pensei em um portal com informações genéricas de cada candidato, sendo prefeito ou vereador e um link para a proposta do cidadão, mas não, ao invés disso tem a informação da PORRA DO TIME DE FUTEBOL DO CARA...


Pode parecer exagero, mas é o tipo de informação que dá pano pra manga. A informação do time de futebol é importante? Lembram do último candidato que tinha como identidade o time de futebol? O tal Julião Caveira? Deixe-me refrescar vossa memória:




É, deu para ter uma ideia da merda que é votar em um cara por amor a camisa, né? Tem que ter amor a bandeira da sua nação, pois é ela que te fará dormir bem e acordar mais tranquilo para trabalhar, que lutará por seus direitos deixando em foco o combustível do ser humano, a qualidade de vida.

            Fico pensando que se tiver mesmo tudo isso que comentei, talvez fique fácil de identificar que são os canastrões da política. Os caras com grana e rabo preso têm medo de expor suas carreiras, seus históricos na rede. Como não temos “na mão” dados como: projetos prometidos x concluídos de candidatos a reeleição, histórico de negligências e gastos com o dinheiro público em besteiras destes, gargalos da sociedade que necessitam atenção e ademais informações baseadas em dados de instituições não partidárias, temos que provar que somos espertos e lidar com o que temos.

Os tempos estão mudando, nossa democracia já não é mais um bebê e agora a educação está bem acessível à maior parte da população, com faculdades de todos os preços possíveis, ensino a distância e etc. O senso crítico só é desenvolvido através de muito empenho e estudo, portanto faça sua parte como cidadão e seus filhos certamente agradecerão. O mundo não está perdido e quem diz que está é porque nunca tentou entender como funciona o sistema e é conformado com as decisões governamentais. Não temos nem trinta anos de democracia (considerando o conceito de democracia após o final da ditadura – 1985), portanto não é motivo para largar os bets, afinal de contas só tivemos gestão de três presidentes e ao que indica, estamos alargando nossos passos. Somos cegos, surdos e mudos, mas foram eles que nos deixaram assim e não vamos aceitar esta condição!

Vamos provar que não temos memória curta, que não nos esquecemos dos erros políticos e que buscamos renovação. Escolhemos muitos caminhos em nossa vida, mas já nascemos cidadãos e cabe a nós decidirmos o destino da nossa verba, o dinheiro é nosso e quem são os ditadores somos nós!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dia 1 - Independência In The Jungle

               Assim que chegamos, levamos um quase-choque ao sermos informados do preço até domingo... 46 mangos (sim, somos pobres). Como todo mundo estava mais duro que pau de tarado com as moedas contadas, quase negociamos nosso rabo solicitamos gentilmente um desconto e conseguimos por 40 mangos de sexta até domingo. O Alemão deixou bem claro que não queria que ninguém acampasse próximo a cachoeira, por motivo de que outras pessoas incompetentes e porcas andaram cagando perto das áreas de banho (pode isso, Arnaldo?) desrespeitaram o local, defecando no mato, mesmo com o lugar oferecendo banheiros com privadas limpas, papel higiênico e chuveiro quente. Tem gente que definitivamente tem merda na cabeça, né?

             A montagem das barracas foi tranquila... para alguns. Assim que tinha terminado de tirar umas fotos, avistei a Nat e a Lê olhando para a barraca no chão, com um olhar confuso, como se estivessem analisando um óvni, sem nem saber por onde começariam. Importante citar que essas minhas amigas entendem tanto de sobrevivência no mato quanto eu entendo de motor de fusca.

                A barraca da Nat ficou quase 100%, tirando o fato de não ter lona protetora, indicando que alguém cagaria de frio sentiria com mais gosto os ventos do campo durante a noite.

     Outro com dificuldades ao montar a barraca era nosso amigo Kauan, o Kuririn. Ao tirar a barraca da bolsa de proteção, identificou uma vareta quebrada, o que danificaria sua estrutura, a ponto de ficar inviável utilizá-la. Porém, o Kuririn é brasileiro e não sei como diabos, deu um jeito nisso, deu a volta por cima e ninguém notou que a barraca estava quebrada, foi com silvertape e pedaços de pau ou algo do gênero. Peripécia da qual só ficaria sabendo ao longo desta semana.

     Um terceiro grupo estava montando uma barraca com um formato jamais visto por mim e os demais. Não era um modelo iglu igual a todas as outras, era em modelo retângulo, o que complicou a equipe de montagem: Rafa, Alexandre (Ar) e Allan (Shiryu). Como já tinha gente de mais ajudando, apenas observei enquanto montava a minha. Não pude deixar de notar as cores da barraca do nosso amigo Huppes. Todos os pedaços da barraca tinham cores diferentes, deixando a barraca com um aspecto meio... circo. O Huppes é definitivamente um cara estranho estiloso, surpreendendo em todos os aspectos: bigode, fusca e agora... barraca circo. Já diriam as frases memoráveis do falecido Orkut: EsTiLo Ou VoCê TêM oU nÃo rSrSrs. Como o Shiryu estava desabrigado, ofereci minha barraca, que tinha espaço de sobra. Coloquei meu isolante térmico no chão da barraca e logo em seguida o saco de dormir. Questionei meu colega de quarto, que se vangloriava da exuberante variação de dois tipos de repelente, onde ele dormiria e a resposta veio singular:

- Só trouxe o isolante térmico.

Afinal de contas um amigo com um apelido do cara mais valente do Zodíaco não deveria ser subestimado, ainda mais quando se teve um treinamento árduo no exército. Phillipe, Rafa, Michel Teló e a mina dele não apresentaram dificuldades ao montar suas barracas, deixando evidente a habilidade de sobrevivência na selva, tornando-os nossos campistas seniores.

             Com o acampamento em pé, rumamos à cachoeira, com propósitos de diversão e proveito do belo sol que abraçava o vale. Entrar na água foi um desafio para os valentes, o gelo congelava até a sua alma. Titubeei no começo, mas me rendi aos encantos do local e abracei a causa. Já estava com água um pouco acima da cintura quando aquele bando de chupetas meus amigos começaram a me jogar água de todas as direções possíveis e enfim mergulhei, congelando até o cu curtindo a cachoeira numa boa. Inclusive uma moça bem totosa estava se divertindo horrores pulando de “bombinha” na água. O fato não seria tão estranho se ela não tivesse de calça-jeans.

Vale lembrar que o guerreiro das águas, Shiryu, o campista hardcore, foi amplamente solicitado para invocar os poderes da cólera do dragão, mas deixou a galera na curiosidade. Shiryu, não deixe seus fãs na mão da próxima vez, ok?

Atenção você que é adolescente! Cuidado com os apelidos que dar ou receber, pois estes codinomes podem te acompanhar até o final da vida, proporcionando potencial carga de bullying por conta dos seus amigos com vinte anos ou mais.

                         

                Saí da cachoeira mais cedo que o pessoal porque precisava descansar, tinha ido dormir as 3:30 da madruga e acordado as 6:30, então minha estamina estava um tanto quanto reduzida e precisava recuperar umas horas de sono. O sol forte impediu que eu dormisse na barraca, então joguei o saco de dormir na grama, assim como fez a Nat com seu colchão de ar, e ali tirei uma pestana.

                 Fui acordado pelos brothers me convidando para ir até a ponte do trilho de trem. Convidei a Nat, mas ela sentiu que o nível da caminhada de nem 1km seria muito hard para uma iniciante e optou por ficar lagarteando em seu colchão de ar. A Nat é um ser com uma doença grave, a doença do século XXI que infelizmente é muito difícil de ser curada e que impossibilita atividades físicas, tais como andar mais que 50m e subir escadas. Para distâncias superiores a 50m, é necessária a utilização de uma cadeira de rodas ou um carro. Infelizmente, a Nat é uma refém do sedentarismo.

                         

   A caminhada até o local foi tranquila e já de cara identificamos que o trem passava em intervalo menor que os dos biarticulados em horário de pico. O grande objetivo era ficar nos abrigos da ponte enquanto o trem passava, mas eu não fui porque sou bundão porque tenho problemas com altura na minha última visita ao local já tinha me cagado o suficiente excedido por demais meus limites de coragem. Assim que o trem passou fui até o pessoal, que estavam maravilhados com a experiência de ver um trem passando a poucos centímetros do rosto, em um espaço minúsculo de concreto, na altura de pelo menos 60 metros de altura em uma ponte precária. Vale lembrar que lá em baixo não tem rio, só pedra! Se cair lá de cima, dá tempo de gritar o alfabeto inteiro duas vezes antes de virar patê.


Ainda na ponte, o pessoal começou a tirar um som, deixando o clima extremamente agradável. Sentados no trilho de trem, ar fresco em nossos rostos, pôr do sol em um lugar fantástico... não posso reclamar desta parte. Mesmo com minha quase acrofobia, senti-me confortável para apreciar o visual.

Batemos em retirada assim que o sol se pôs, pois logo em seguida obviamente escureceria e ninguém havia trazido lanterna, além do que precisávamos cuidar dos preparos para a grande noite. Da última vez que eu tinha ido ao local, era necessário comprar a lenha para a fogueira, vinha em pacotes e tinha o custo aproximadamente de R$ 8,00, mas desta vez o Alemão indicou um lugar próximo a entrada da propriedade onde encontraríamos o insumo (e como voltaríamos neste lugar nas próximas horas).

Quando a noite tomou conta do lugar, a fogueira já estava acesa (e bem acesa!) e o céu estrelado traçava o melhor plano de fundo possível. Esta é uma das partes mais legais de se acampar. Fogueira, amigos, música, piadas, risadas, histórias, comes e bebes... tudo numa perfeita harmonia. Nossos músicos fizeram a noite: Ar no baixolão, Rafa no violão/meia lua/voz, Kauan no bongô, Nat cantando também e Philippe revezando a meia lua também. Assim que o fogo começava a enfraquecer, todos se mobilizavam para ir até o local antes indicado para trazer mais madeira e assim a noite seguiu.

Aos poucos o pessoal começou a se recolher nas barracas e ficaram apenas eu, Phillipe, Ar e Kauan. Eu não bebo, mas meus amigos fizeram o favor de beber por mim e pela torcida do flamengo, representaram forte, deixando a sobriedade se esvair junto com as cinzas da fogueira. Não demorou para que começássemos aquele papo tradicional masculino, com várias risadas e pérolas, tais como ficar fazendo “sinal de pica avulsa” para os outros acampamento com esperança miserável, mas o que importava mesmo é que a cena era extremamente cômica.

Para finalizar a noite, um cara com a camiseta do justiceiro saiu de outro acampamento, próximo ao nosso e veio cambaleando até a nossa roda, com uma garrafa long neck de skol, indicando o certificado de doidão. Convidei o vizinho a se juntar a nós e não demorou muito para se mostrar um piadista nato. O detalhe é que ele não fazia piadas, ele era a própria! O justiceiro teve o azar de chegar na roda bem naquele momento papo cabeça, pois o tema em questão era logística no Brasil e o nó rodoviário. O cara não conseguia falar nada, todas as suas frases eram incompletas. Ele começava:

- É! Tipo!...

Ficávamos na expectativa de que ele fosse terminar a frase, mas ele sempre emperrava. Como o estado do pessoal não estava tão distante do justiceiro doidão, resolvemos abortar a missão e dormir.

Em breve o relato do dia 2...

domingo, 16 de setembro de 2012

Arrumem suas malas, vamos para a Cachoeira do Alemão!

Planejamento


Já fazia algum tempo que eu queria acampar, é um hobbie, mas não mexia minha bunda gorda para organizar nada. Certo dia, sentado em frente ao computador, comecei a dar uma olhada nos feriados e me dei conta que sete de setembro seria perfeito para realizar a trip, já que seria numa sexta-feira.

            Criei o evento, selecionei as pessoas da minha lista que acreditei terem algum interesse em acampar e logo começamos a movimentar opiniões de lugares. Até chegarmos a consenso, demorou um pouco. Sugeri o Recanto dos Papagaios, mas logo ficamos sabendo que o lugar é cheio de vileiros muito mal freqüentado e optamos por ficar longe dos farofeiros.

              Eis que alguém falou de uma tal de Cachoeira do Panelão, lugar sensacional, com muitas árvores, trilhas e obviamente, uma belíssima cachoeira. Para estruturar melhor o “evento”, escrevi um documento em formato 5W2H. O documento também serviu para mostrar aos indecisos que a viagem era possível, detalhando passo a passo como tudo funcionaria. Venda bem seu peixe e conquiste vários clientes!

            O grande problema é que o Panelão estava em reforma. Liguei para os proprietários e fui informado de que o local talvez abrisse para o feriado de sete de setembro. Todos nos animamos e várias confirmações apareceram. Teve uma hora que faltou até carona para todos que confirmaram, de tanta gente que estava interessada. Chegamos a um detalhe bem importante, que também foi o divisor de águas da nossa aventura eminente, o preço do Panelão. O proprietário do local confirmou a abertura e também informou o preço...



O amigão queria nos cobrar quase CEM MANGOS (R$ 100) para passar três dias no local, um absurdo para quem quer curtir um acampamento, que deveria ser até então um programa de pobre mais econômico do que viajar para praia ou semelhantes. Quando o cara não quis nem negociar, independente de quantas pessoas iriam, fiquei com vontade de mandá-lo tomar no rabo e desliguei o telefone, informei o pessoal do problema financeiro em questão e todos concordaram que seria inviável.

              Tínhamos pensado também na Cachoeira do Alemão, local já conhecido e aprovado por mim em outra empreitada. Pelo que lembrava, a diária no Alemão era dez mangos, então gastaríamos no máximo trinta para os três dias. Não parecia tão legal quanto o Panelão, mas era o que tinha para hoje nossa única opção, pois todas as outras eram ou muito longe ou muito caras. Nos 48 do segundo tempo uma galera começou a desistir e cheguei a pensar em abortar o evento, mas na noite de quinta-feira conseguimos 2 carros, 1 fusca e 12 pessoas.

Hey Ho! Let’s Go!


Combinamos de nos encontrar as 8hrs no posto Ipiranga da sete de setembro, próximo a praça do Japão. Devido ao atraso de três horas da Natália problemas de logística, saímos de Curitiba as 11hrs. O detalhe é que para economizar espaço nos carros, resolvemos amarrar algumas malas no rack do Herbie, o fusquinha malandro.

Fui suficientemente esperto para colocar meus travesseiros em cima do fusca, escolha da qual futuramente me arrependeria amargamente (vocês descobrirão na sequência o porquê).

             A estrada estava tão agradável de trafegar quanto quando ficamos com vontade de cagar enquanto tomamos banho, você não quer fazer isso, mas é necessário. O Huppes estava com um bigodinho a lá Fred Mercury e um boné com desenhos abstratos, dirigindo o Herbie deixava a cena um tanto quanto caricata. Ao longo da rodovia, nosso amigo fusca estava indo bem, chegando até 100 km/h, pasmem. Ia chacoalhando feita batedeira em mãos de Parkinson, mas ainda assim, rumando seu destino.

           A situação começou a ficar delicada quando quase batemos no carro do nosso amigo Philippe, dando uma freada que fez o Herbie derrapar, parando a poucos centímetros dele. Nosso motorista sinalizou:

- O freio colou.

Curioso com o pronunciamento, questionei:

- Como assim? Que porra significa isso?

- Estamos sem freio.

- Hm.

Tensão total. Trafegar pela rodovia sem freio parecia um tanto quanto perigoso, mas como eu estava em total espírito de aventura, liguei o foda-se não me preocupei.

           Chegamos à estrada de terra e o fusca parecia desenvolver melhor, segundo o piloto Huppes, ele tinha sido feito para navegar neste tipo de estrada, como se fosse um mini Jeep. Conforme íamos progredindo no percurso, lembrei de um detalhe importantíssimo...

Estrada de terra... bagagens em cima do Herbie... meus travesseiros... merda.

Conclui que afinal de contas não seria uma das noites mais agradáveis dormindo no meu saco de dormir e com travesseiros 100% poeira de estrada. O espírito aventureiro sempre presente, desanimar jamais, o negócio é AVENTURA!

             Pouco depois de passar por uma placa que indicava apenas 4 km do nosso destino, tivemos nossa primeira parada, não para apreciar a vista, não para descansar e tomar água fresca em uma bica, mas para prestar devido atendimento ao Herbie, que estava apresentando um sintoma preocupante... fumaça saindo do motor. Abrimos o capô e lá estava o problema, bem em frente aos nossos olhos. Ainda bem que o problema era bem visível, coisa que até aqueles golfinhos que colocam círculos e quadrados em espaços quebra-cabeça, conseguiriam identificar. Duas engrenagens próximas e uma correia solta...



















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A continuação do relato virá a seguir para que o post não fique maior do que já está :D

domingo, 2 de setembro de 2012

Parar de beber e de fumar - O que muda?


Este tema é de grande importância para quem está pensando em parar de fumar e/ou beber. Tudo que está escrito a seguir não serve como regra, pois varia muito de cada estilo de vida.

Será que eu paro? Por que parar?

Há algum tempo, pelo menos um ano atrás, eu tinha uma vida noturna deveras movimentada, o típico boêmio. Nas programações dos finais de semana, bar era de lei na sexta ou sábado e o domingo ficava reservado para a ressaca o repouso. Devido a alguns motivos pessoais, resolvi parar com tudo isso e dar uma geral em minha vida. Pensei que parar com os hábitos beber e fumar seriam retirados singularmente do meu dia-a-dia, mas não sabia que literalmente minha vida mudaria. O que mudou?


1.       Financeiro

Costumava gastar a bagatela de R$ 50 ~ R$ 80 em apenas uma noite, contando entrada mais todos os adicionais alcoólicos. Em geral, com cerveja. Lembrando também as idas à botecos onde geralmente vai uma paulada de dinheiro também por conta dos quitutes que acompanham a noite boêmia: batatinha frita, torresminho, frango frito, polenta frita, amendoim, etc. Hoje gasto no máximo R$ 30 se a entrada for cara e eu comer algo lá dentro. Como água/suco/refrigerante você bebe por necessidade fisiológica, não é necessário tomar tantas quanto tomaria de cerveja e similares. Outro gasto que temos quando bebemos são os engov, epocler, epativan, sal de frutas, omeprazol, gatorade e demais amigos da ressaca.

 Ponto importantíssimo: cigarro consome uma montanha de dinheiro. Para você que fuma uma carteira por dia, é algo a começar a se pensar. Levando em conta que a maior parte dos cigarros de qualidade está em média entre R$ 4 e R$ 6, podemos calcular por baixo, um gasto de pelo menos uns R$ 30/semana, isso sem contar que no final de semana é normal que se fume mais (em churrascos e bares então nem se fala).  O cigarro muitas vezes acaba sendo muito mais ofensor financeiro do que a própria bebida, isso levando em consideração que cigarro pode ser fumado a qualquer hora do dia praticamente. A maioria de nós, reles mortais, não podemos nos dar ao luxo de beber uma cervejinha na hora do almoço e depois voltar ao trabalho, mas em compensação fumar depois de comer e nos intervalos é de lei. Mais cigarro, mais dinheiro.


2.       Saúde

Quando eu ia ao bar na sexta-feira e calibrava legal, acordava depois das 15hrs no sábado e passava o dia todo de molho, à base de um “coquetel ressaca” para tentar amenizar as dores de cabeça, de estômago, tonturas, enjôos e tudo mais. Não beber e nem fumar é prezar pela qualidade de vida. A imunidade do seu corpo agradece!


 Problemas com tosse contínua? Pigarro? Parar de fumar pode muito bem resolver estes incômodos. Os catarros no pulmão podem muito bem se esvair parando com o hábito do tabagismo. Aquele lance de escadas da sua faculdade ou prédio não será tão doloroso quanto parece. Parar de fumar melhora seu fôlego de uma maneira impressionante. Lembro-me que na adolescência fui tirado do time de atletismo porque o técnico descobriu que eu fumava e hoje entendo muito bem o porquê d’ele ter feito isso. Minha produtividade estava sendo afetada.

Se você tem gastrite ou problemas estomacais similares, parar de beber/fumar pode em muito te ajudar. Eu vivia com meu estômago podre e fazia parte da minha rotina medicá-lo desde sexta até pelo menos quarta-feira, com engov, epocler, sal de frutas, etc. Faz sentido massacrar o estômago para depois tratá-lo com tanta química? Seu prazer pode sair muito caro para sua saúde. Já tem quase um ano que parei com tudo e tive apenas uma crise de gastrite em todo esse tempo. Antes da mudança minhas crises eram semanais.

Lembrando também o próprio rendimento hormonal cai devido a ingestão de álcool, em homens pode diminuir até 44% na produção de testosterona em apenas 5 copos de cerveja.


3.       Estética

Para você que quer perder uns quilinhos e está tendo dificuldade para concretizar o fato, este é um excelente motivo para parar de beber. A cerveja é um dos maiores ofensores da barriga, não é a toa que existe a expressão “pança de chopp”. O álcool tem 7 calorias por grama (hipercalórico) e aqui podemos fazer uma comparação bem bacana: Um copo de 200ml de cerveja tem o mesmo tanto de calorias que um copo de 200ml de suco laranja que é um hipercalórico. 

Agora responda, é mais fácil alguém tomar 10 copos de suco de laranja ou de cerveja/chopp?

Quem bebe sempre tem rosto inchado, ainda mais quando é universitário. Se o bar fica em frente à faculdade, é muito fácil cair na tentação de beber uma cervejinha todos os dias na hora do intervalo. Basta dar uma passada nos bares para identificar a galera com rosto-balão. Em poucas semanas sem beber este problema é resolvido.

Para você que quer chegar na gatinha da balada, lembre-se que mulher nenhuma gosta de homem que chega em cima com bafo de cachaça e não há halls ou trident que faça milagre. A própria cama fica com cheiro de cachorro molhado quando chegamos chumbados em casa e dormimos sem tomar banho.

Tem algo mais constrangedor que chegar no dia seguinte no trabalho, cumprimentar um pessoal da sua área e alguém lançar aquele comentário maldito “A noite foi boa, hein?” e não, não foi porque ela te viu em algum lugar ou porque leu algum post revelador no facebook. O flagrante está em sua aura exaladora de álcool que está contaminando o ambiente. Até aí tudo bem quando acontece numa segunda-feira, mas e quando acontece numa terça-feira? Se chegar um pouco atrasado fedendo cachorro molhado já é motivo para perder pontos com o chefe e ser tachado de irresponsável, mas aí já é um outro ponto, o lado social.

4.       Social

Este é o item mais importante do levantamento, pois é justamente o resultado dos itens acima.

Tem coisa melhor que ter um final de semana mais proveitoso com mais tempo para descansar e se divertir? Para você que trabalha e estuda este é um excelente argumento. Afinal de contas, trabalhar e estudar são atividades de gente guerreira. Dormir mal e não ter tempo pra nada são problemas que podem ser amenizados quando se resolve radicalizar. Por vezes perdi o final de semana quase inteiro por causa de uma exagerada na sexta-feira. Passava o sábado na base do sono, do epocler e do sal de frutas. Domingo ainda acordava mais ou menos e muitas vezes até segunda-feira era difícil de trabalhar. Mesmo dormindo tarde numa sexta-feira, é possível acordar antes do meio-dia de sábado, mas isso se for um sono saudável, não aquele sono de quando chegamos em casa de madrugada cambaleando, com 30% da visão, torcendo para acertar a cama e dormir de jeans e tênis.

Parar de fumar pode ser a chance de mostrar o poder do seu perfume. Tem uma garota da faculdade que resolveu parar de fumar e logo no primeiro dia de ausência do tabaco, senti seu perfume e comentei:

- Que perfume gostoso!

- Mas eu sempre uso ele, não tinha sentido antes?

Não quis comentar, mas é claro que não, antes eu cumprimentava um cinzeiro ambulante, não aquela bela e cheirosa garota. É uma ótima tática para quem quer ficar mais atraente. Não adianta de nada comprar um perfume caríssimo se você fuma. O beijo de uma mulher que não fuma é infinitamente mais agradável do que de uma que fuma.

            Tem gente que bebe tanto que não lembra nem o que fez na noite passada (eu tinha esse problema – com frequência). Contar segredos íntimos, beijar ou transar com quem não queria (se não lembra direito como rolou, será que sabe se foi com proteção?), tirar a própria roupa e sair por aí, tirar fotos comprometedoras (uma vez na net, eternamente na net) e centenas de outras possibilidades dão histórias bem engraçadas, mas também trágicas. O ser humano infelizmente foi programado para não se esquecer das mancadas dos outros, só das coisas boas.


Estatisticamente pessoas que não bebem são vistas como mais responsáveis, pessoas maduras. Não que de fato seja essa a realidade com todos, mas é assim que a sociedade pensa. Ser o cara que não bebe e não fuma não te deixa menos interessante, muito pelo contrário, te deixa muito mais interessante, afinal de contas tem que ter uma tremenda força de vontade e autocontrole para manter este perfil. Nada como voltar dirigindo para casa de bem com a vida e sem perigo de ser pego numa blitz. As sogras e sogros por aí com certeza preferem o cara certinho, que cuida bem de seus filhos. Esta também pode ser sua chance de ganhar pontos com eles.

Gastar com este tipo de prazer por vezes faz com que tenhamos a impressão que nosso dinheiro está sumindo. É claro que é um investimento em um momento, mas um momento sem bebida/cigarro não significa um momento chato, significa um momento diferente.

Confesso que quando resolvi parar com tudo, por algum tempo fiquei perdido, não sabia muito o que fazer, afinal de contas, minha programação toda envolvia churrascos de faculdade open bar, barzinhos e baladas. Se for parar pra pensar, a bebida alcoólica é quase um dos pilares que sustentam finais de semana baseados nesta programação.

O que fazer?

O lado bom disso, é que seu cérebro aos poucos vai acostumando com a ideia e você mesmo vai inovando sua programação. A economia daquele dinheiro que seria utilizado para os fins já mencionados pode muito bem ser utilizado em uma academia ou hobbie. Para quem é boêmio, deixar de beber é uma mudança de vida. Se você está procurando aquela radicalizada, experimente uma nova vida baseada em saúde.

É normal ficar ocioso um tempo pensando no que poderia fazer, já que às idas a bares e baladas não serão tão freqüentes. É normal que se diminua o ritmo noturno, afinal de contas um dos maiores atrativos já não estará mais presente na programação. Que tal experimentar atividades diferentes? Praticar um esporte, aprender a tocar algum instrumento, pintar, escrever, ler, fazer um curso de culinária, entre outros, as possibilidades são infinitas, só dependem da sua criatividade e o ócio será um grande aliado para instigar essas inovações. Pense que além de ter mais tempo no final de semana, ainda fará com que esse tempo seja mais produtivo.

A solidão pode se tornar comum, tirar um tempo para si é excelente, é uma maneira de se conhecer melhor. Acostume-se também com a mudança de círculos sociais, é uma possível conseqüência. Pessoas se reúnem para fazer algo que todos têm afinidade, mas desenvolver novos interesses e conhecer novas pessoas pode ser surpreendente.

O que foi dito acima não é uma regra, é apenas a minha visão a respeito de como funcionou comigo. Nunca me senti tão bem depois de ter parado com tudo, vivo uma nova vida. Não sou uma nova pessoa, pois minha personalidade continua a mesma, apenas com focos diferentes de antes. Não nasci de novo e nem é minha ideia é transmitir isso a vocês. Conhecimento deve ser compartilhado, do contrário não seria conhecimento, seria egoísmo. Funcionou comigo, mas pode não funcionar com você. Tem gente que acha ruim radicalizar, mas penso que depende do seu propósito e também parâmetro.

Mudar pode ser muito bom, desde que essas mudanças te agradem.