Assim que chegamos, levamos um quase-choque ao sermos informados do preço até domingo... 46 mangos (sim, somos pobres). Como todo mundo estava mais duro que pau de tarado com as moedas contadas, quase negociamos nosso rabo solicitamos gentilmente um desconto e conseguimos por 40 mangos de sexta até domingo. O Alemão deixou bem claro que não queria que ninguém acampasse próximo a cachoeira, por motivo de que outras pessoas incompetentes e porcas andaram cagando perto das áreas de banho (pode isso, Arnaldo?) desrespeitaram o local, defecando no mato, mesmo com o lugar oferecendo banheiros com privadas limpas, papel higiênico e chuveiro quente. Tem gente que definitivamente tem merda na cabeça, né?
A
montagem das barracas foi tranquila... para alguns. Assim que tinha terminado
de tirar umas fotos, avistei a Nat e a Lê olhando para a barraca no chão, com
um olhar confuso, como se estivessem analisando um óvni, sem nem saber por onde começariam. Importante citar que essas
minhas amigas entendem tanto de sobrevivência no mato quanto eu entendo de
motor de fusca.
A
barraca da Nat ficou quase 100%, tirando o fato de não ter lona protetora,
indicando que alguém cagaria de frio sentiria com mais gosto os ventos
do campo durante a noite.
Outro com
dificuldades ao montar a barraca era nosso amigo Kauan, o Kuririn. Ao tirar a
barraca da bolsa de proteção, identificou uma vareta quebrada, o que
danificaria sua estrutura, a ponto de ficar inviável utilizá-la. Porém, o
Kuririn é brasileiro e não sei como
diabos, deu um jeito nisso, deu a volta por cima e ninguém notou que a barraca
estava quebrada, foi com silvertape
e pedaços de pau ou algo do gênero. Peripécia da qual só ficaria sabendo ao
longo desta semana.
Um terceiro
grupo estava montando uma barraca com um formato jamais visto por mim e os
demais. Não era um modelo iglu igual a todas as outras, era em modelo
retângulo, o que complicou a equipe de montagem: Rafa, Alexandre (Ar) e Allan
(Shiryu). Como já tinha gente de mais ajudando, apenas observei enquanto
montava a minha. Não pude deixar de notar as cores da barraca do nosso amigo
Huppes. Todos os pedaços da barraca tinham cores diferentes, deixando a barraca
com um aspecto meio... circo. O Huppes é definitivamente um cara estranho
estiloso, surpreendendo em todos os aspectos: bigode, fusca e agora... barraca circo. Já diriam as frases
memoráveis do falecido Orkut: EsTiLo Ou VoCê TêM oU nÃo rSrSrs. Como o Shiryu
estava desabrigado, ofereci minha barraca, que tinha espaço de sobra. Coloquei
meu isolante térmico no chão da barraca e logo em seguida o saco de dormir.
Questionei meu colega de quarto, que se vangloriava da exuberante variação de
dois tipos de repelente, onde ele dormiria e a resposta veio singular:
- Só trouxe o isolante térmico.
Afinal de contas um amigo com um
apelido do cara mais valente do Zodíaco não deveria ser subestimado, ainda mais
quando se teve um treinamento árduo no exército. Phillipe, Rafa, Michel Teló
e a mina dele não apresentaram dificuldades ao montar suas barracas, deixando
evidente a habilidade de sobrevivência na selva, tornando-os nossos campistas
seniores.
Com
o acampamento em pé, rumamos à cachoeira, com propósitos de diversão e proveito
do belo sol que abraçava o vale. Entrar na água foi um desafio para os
valentes, o gelo congelava até a sua alma. Titubeei no começo, mas me rendi aos
encantos do local e abracei a causa. Já estava com água um pouco acima da
cintura quando aquele bando de chupetas meus amigos começaram a me jogar
água de todas as direções possíveis e enfim mergulhei, congelando até o cu
curtindo a cachoeira numa boa. Inclusive uma moça bem totosa estava se
divertindo horrores pulando de “bombinha” na água. O fato não seria tão
estranho se ela não tivesse de calça-jeans.
Vale lembrar que o guerreiro das
águas, Shiryu, o campista hardcore, foi amplamente solicitado para invocar os
poderes da cólera do dragão, mas deixou a galera na curiosidade. Shiryu, não
deixe seus fãs na mão da próxima vez, ok?
Atenção você que é adolescente! Cuidado com os apelidos que dar ou
receber, pois estes codinomes podem te acompanhar até o final da vida,
proporcionando potencial carga de bullying por conta dos seus amigos com vinte
anos ou mais.
Saí da
cachoeira mais cedo que o pessoal porque precisava descansar, tinha ido dormir
as 3:30 da madruga e acordado as 6:30, então minha estamina estava um tanto
quanto reduzida e precisava recuperar umas horas de sono. O sol forte impediu
que eu dormisse na barraca, então joguei o saco de dormir na grama, assim como
fez a Nat com seu colchão de ar, e ali tirei uma pestana.
Fui
acordado pelos brothers me convidando para ir até a ponte do trilho de trem.
Convidei a Nat, mas ela sentiu que o nível da caminhada de nem 1km seria
muito hard para uma iniciante e optou por ficar lagarteando em seu colchão de
ar. A Nat é um ser com uma doença grave, a doença do século XXI que
infelizmente é muito difícil de ser curada e que impossibilita atividades
físicas, tais como andar mais que 50m e subir escadas. Para distâncias
superiores a 50m, é necessária a utilização de uma cadeira de rodas ou um
carro. Infelizmente, a Nat é uma refém do sedentarismo.
A caminhada
até o local foi tranquila e já de cara identificamos que o trem passava em
intervalo menor que os dos biarticulados em horário de pico. O grande objetivo
era ficar nos abrigos da ponte enquanto o trem passava, mas eu não fui porque
sou bundão porque tenho problemas com altura na minha última visita ao
local já tinha me cagado o suficiente excedido por demais meus limites
de coragem. Assim que o trem passou fui até o pessoal, que estavam maravilhados
com a experiência de ver um trem passando a poucos centímetros do rosto, em um
espaço minúsculo de concreto, na altura de pelo menos 60 metros de altura em
uma ponte precária. Vale lembrar que lá em baixo não tem rio, só pedra! Se cair
lá de cima, dá tempo de gritar o alfabeto inteiro duas vezes antes de
virar patê.
Ainda na
ponte, o pessoal começou a tirar um som, deixando o clima extremamente agradável.
Sentados no trilho de trem, ar fresco em nossos rostos, pôr do sol em um lugar
fantástico... não posso reclamar desta parte. Mesmo com minha quase acrofobia, senti-me
confortável para apreciar o visual.
Batemos em
retirada assim que o sol se pôs, pois logo em seguida obviamente escureceria e
ninguém havia trazido lanterna, além do que precisávamos cuidar dos preparos
para a grande noite. Da última vez que eu tinha ido ao local, era necessário
comprar a lenha para a fogueira,
vinha em pacotes e tinha o custo aproximadamente de R$ 8,00, mas desta vez o
Alemão indicou um lugar próximo a entrada da propriedade onde encontraríamos o
insumo (e como voltaríamos neste lugar nas próximas horas).
Quando a noite
tomou conta do lugar, a fogueira já estava acesa (e bem acesa!) e o céu
estrelado traçava o melhor plano de fundo possível. Esta é uma das partes mais
legais de se acampar. Fogueira, amigos, música, piadas, risadas, histórias,
comes e bebes... tudo numa perfeita harmonia. Nossos músicos fizeram a noite:
Ar no baixolão, Rafa no violão/meia lua/voz, Kauan no bongô, Nat cantando também e Philippe revezando a meia lua também.
Assim que o fogo começava a enfraquecer, todos se mobilizavam para ir até o
local antes indicado para trazer mais madeira e assim a noite seguiu.

Para finalizar
a noite, um cara com a camiseta do justiceiro saiu de outro acampamento,
próximo ao nosso e veio cambaleando até a nossa roda, com uma garrafa long neck
de skol, indicando o certificado de doidão. Convidei o vizinho a se juntar a
nós e não demorou muito para se mostrar um piadista nato. O detalhe é que ele
não fazia piadas, ele era a própria! O justiceiro teve o azar de chegar na roda
bem naquele momento papo cabeça, pois o tema em questão era logística no Brasil
e o nó rodoviário. O cara não conseguia falar nada, todas as suas frases eram
incompletas. Ele começava:
- É! Tipo!...
Ficávamos na expectativa de que
ele fosse terminar a frase, mas ele sempre emperrava. Como o estado do pessoal
não estava tão distante do justiceiro doidão, resolvemos abortar a missão e
dormir.
Em breve o relato do dia 2...
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