Finalmente
cheguei em Córdoba. Sujo, cansado, todo queimado do sol por ter
ficado horas pedindo carona por três dias, sem bateria e com muita
vontade de me deitar em uma cama e dormir por longas horas.
No
terminal de ônibus procurei uma tomada para carregar meu celular e
infelizmente não encontrei. Fui ao banheiro e ali havia, mas junto a
tomada havia um senhor daqueles se aproveitam se estrangeiros e me
cobrou 10 pesos para meia hora de recarga na tomada do banheiro
público. Acredito que se eu tivesse procurado um pouco mais, teria
encontrado a dita tomada, mas apenas minha memória sabe o quanto eu
não queria procurar mais nada. Só queria descansar. Paguei a
porcaria dos 10 pesos (quando se é mochileiro – daqueles que pagam
as coisas e que não são sustentados pelos pais – sabe que
qualquer 10 pesos gastos em merda uma hora faz falta).
Assim
que cheguei na porta do hostel, toquei a campainha diversas vezes e
nada, parecia que não havia ninguém. Nesta hora eu tive um mini
desespero porque eu não tinha um plano B. Não vou dizer pra vocês
que é sempre necessário ter um plano B em todas as partes da viagem
porque afinal de contas é um tanto quanto complicado planejar mais
de dois meses de viagem em todos os lugares que vai passar e com
plano B pra todos. Esse é o tipo de situação que é tranquilo
resolver.
Comecei
a falar com meu melhor amigo no Brasil (santo melhor amigo) pro
whatsapp com 20% de bateria para que ele pudesse me ajudar a
encontrar um hostel na região onde eu estava. Tive também a ajuda
de uma amiga de Córdoba que conheci no Interpals. Quando já estava
quase indo para o hostel, uma das portas do hostel se abriu e dela
saiu uma linda garota com um sotaque nada argentino que depois
descobriria que é chilena, Gabi. Ela disse que havia gente e que
teria que insistir um pouco mais na campainha e voi lá,
apareceu gente para abrir.
O
hostel é meio velhinho, mas tem tudo que os hospedes precisam para
sobreviver. O lugar já tem 20 anos e é um dos primeiros hostels da
Argentina, então é certamente um lugar cheio de histórias. O dono,
um homem muito bem humorado e inteligente, me ajudou muito mais do
que eu o ajudei.
PRIMEIRO TRABALHO PELO HELPX
Importante dizer que o trabalho neste hostel foi o primeiro trabalho pelo Helpx que eu fiz. Se você não conhece o que é o Helpx, não deixe de conferir este post.O trabalho consistiria basicamente em atender os hóspedes (ou passageiros, como chamam nos hostels – pelo menos da Argentina), manter as coisas ordenadas (cozinha, banheiro, sala, etc) e fazer planos de marketing para atrair mais gente.
Como profissional de marketing a gente faz o que pode, né? Você apresenta sugestões e muito depende também da aceitação e maneira de pensar do cliente. Desenvolvi algumas estratégias que basicamente consistiam em publicidades por redes sociais como YouTube, Twitter e Facebook, uso melhor do website, reformulação do blog, campanhas em google adwords e criação de eventos.
Eu
teria que dividir o quarto com dois caras. Os dois aparentavam ser boas
pessoas! Mais tarde infelizmente descobri que apenas um deles era
realmente boa pessoa. A última vez que tinha dividido um quarto com
alguém já tinha quase 20 anos, com meu irmão mais velho e a experiência familiar não funcionava com a melhor das harmonias. Quem me
conhece sabe que sou maníaco por organização. No Brasil meu
guarda-roupa é separado por gênero de roupas tipo: roupas de
trabalho, camisas polo (de um tons claros a escuros), roupas de
esportes e etc. Além da minha própria estante ser toda arrumada da
mesma forma.
O
problema é que os caras, Leandro e Martín, eram uma dupla em parte bem desagradável.
Martín em especial chegava no quarto e jogava suas roupas no chão,
na minha cama, na cama do Leandro, no sofá e até mesmo nas abas da
janela, além de ser machista e bancar de comedor o tempo todo. Aquele tipo que precisa ficar se autoafirmando porque precisa provar pra si e para os outros que é fudidão. Leandro fazia o tipo reservado e volúvel. Como estava próximo a Martin, seguia em muita coisa o mesmo comportamento, como a falta de organização e o lance de fumar no quarto. Ao contrário do eu havia pensado, não esquentei a cabeça.
Sempre deixei as minhas coisas organizadas e boa. Não era minha casa
mesmo, eu estava ali de passagem e sei o quanto é difícil ou quase
impossível querer mudar alguém. Me adaptei. Não baguncei nada,
mantive minha ordem e justamente, não me preocupei.
![]() |
Minhas roupas na direita :P |
Logo
no dia que cheguei, saí com Martín para comprar comida e ele
pareceu realmente bacana se fazendo de amigo e até pagando algumas
coisas pra mim. Dizia que era um “presente”. É um tipo
extremamente machista, que acha que a mulher é objeto e que falar da
sua suposta vida sexual afirma seu caráter como “macho”, além
de ficar tirando onda com a minha cara porque eu não bebo, não fumo
cigarros, sou vegetariano e não sou gay. Bom, como já sou
acostumado com as mesmas piadas idiotas no Brasil, ainda mais vindo
diretamente dos meus melhores, não liguei. Definitivamente procuro
não esquentar a cabeça com essas besteiras e ainda atuo como se
estivesse achando engraçado porque não me custa nada. A grande
verdade é que eu realmente não ligo. Procuro entender certas
ignorâncias.
Mas
o legal é que na Argentina esse lance de ficar tirando o outro pra
“viado” é algo em uma escala extremamente reduzida. Na Argentina
e no Uruguai, na verdade. No Brasil qualquer coisa que você faz, é
motivo pra te chamarem de gay: se você se veste bem você é gay, se
você usa cachecol você é gay, se você não bebe você é gay, se
você é vegetariano/vegan você é gay, se você não chama os
outros de gay é porque você é gay, se você cuida da saúde você
é gay, se você gosta de dançar você é gay, se você desenha a
barba você é gay, se você usa rosa você é gay, se você é
organizado você é gay, se você não curte ou não joga futebol
você é gay, se você tem amigos gays você é gay, se você diz que
ama seu amigo você é gay (e quando diz que ama tem que dizer TE AMO
COMO AMIGO), entre outras coisas que eu acho extremamente idiotas,
ignorantes e com certeza homofóbicas/machistas. Para se ter ideia de
como isso é reduzido na Argentina, os homens se cumprimentam com
beijo no rosto. Um tapa na cara da sociedade brasileira, grande
lição.
Depois
de bons dias de descanso, comecei a fazer as chocotortas para vender
e no meu primeiro passeio de vendas, foi um fracasso total, não
vendi nenhuma. Na verdade me deixei levar pelos incentivos mesmo
sabendo que o dia não era propício. Em geral, Córdoba é uma
cidade muito quente, coisa de 30~40 graus todos os dias, com um sol
tão forte que é difícil sair nas ruas antes das 16:30, sem
exageros. No dia que eu resolvi sair pra vender, era um dos únicos
dias que estava frio e com um vento bem gelado. Então óbvio que não
havia ninguém na rua, mas assim, quase ninguém mesmo. No outro dia
já estava calor e vendi todas em menos de uma hora a uma quadra de
casa. Sucesso! Em geral o cordobês é muito bacana e recebe muito
bem a todos, então as vendas não foram difíceis. Até algumas
pessoas do hostel compraram as chocotortas!
Desde
que comecei a falar da chocotorta para o Victor, ele disse que a
estrutura em muito parecia com algo que seria o grande responsável
por uma boa grana em poucas horas, o tiramisu. Ele me mostrou um
livro de tiramisus e realmente, a chocotorta tinha um quê de
tiramisu.
Fizemos
uma boa pesquisa de preços pela região, que por sorte ajudava, e
muito, nos custos. Assim adaptei meu produto. Reduzi meu preço a 10
pesos, mas o meu lucro era muito maior, visto que meu custo estava em
torno de 1,20 por tiramisu.
Esta
é uma receita onde alguns insumos vão durar muito mais que 50
porções. Lápis e caneta na mão que agora vem a receita de ouro:
Ingredientes
3
chocolinas grandes
1l
de creme de leite vegetal
50
copinhos de plástico
50
colherinhas de plástico
1
xícara de café instantâneo com duas colheres de sopa de licor de
chocolate
250g
de morangos
1
pudim de chocolate (daqueles que se faz com pacote mesmo)
Papel
plásticos (putz, não sei se é esse o nome, mas provisoriamente
fica esse)
100g
de doce de leite
Elásticos
Essa
receita serve 50 porções
Passo 1
Fazer
o pudim
Cortar
os morangos em cubo e adicionar uma colher de açúcar por cima
Bater
o creme de leite vegetal até que fique com uma consistência meio
iogurte, aí mesclar o doce de leite e bater tudo até que fique um
pouco mais consistente
-
Reservar tudo na geladeira por três horas
Passo 2
Molhar
uma bolacha em um café expresso bem forte com o licor de chocolate e
quebrar para que fique no fundo do copinho
Adicionar
um pouco de pudim de chocolate
Adicionar
um pouco de morango em cubos
Adicionar
mais uma camada de bolacha embebida na mistura
Completar
com a mescla de creme de leite vegetal com doce de leite
Quebre
um pouco de bolacha em cima para que com um visual mais bacana
Passo 3
Corte
um plástico em formato de quadrado e coloque em cima do copinho
Lacre
com o elástico
Prenda
a colherinha no elástico
Deixar
na geladeira por duas horas.
![]() |
Voi lá! |
1. O
tiramisu é uma sobremesa que existe no mundo todo praticamente, mas
não é todo mundo que sabe o que é. Geralmente as pessoas que sabem
têm algum conhecimento de confeitaria. O diferente chama atenção!
2. O
doce tem um impacto visual tremendo. Por ser um doce onde as camadas
são vistas, despertando curiosidade assim que o produto é levado a
vista.
3. O
grande lance da venda do tiramisu era sacá-lo da térmica antes
mesmo de chegar na “presa”, porque assim eu já tinha a atenção
dela mesmo antes de começar a falar.
4.
Uma estratégia ótima na venda consistia no meu discurso quase
infalível. Posso dizer seguramente que uma entre três pessoas
compravam. Nunca foi tão fácil vender (sem brincadeira). Quem me
conhece sabe que eu gosto mais da parte do planejamento e da
estratégia muito mais que da execução, mas quando se é uma
empresa de um homem só, são ossos do ofício. Vamos lá:
ESP:
-
Hola, buenas tardes! Yo me llamo Guillermo, soy brasileño y estoy
recorriendo sudamerica vendendo tiramisus helados com frutilla.
PORT:
-
Olá, boa tarde! Meu nome é Guilherme, sou brasileiro e estou
viajando pela América do Sul vendendo tiramisus gelados com morango.
(agora
sim começa a apelação)
ESP:
Acá
abajo hay galletas mojadas com café y licor de chocolate, frutillas
en cobos, flan de chocolate y arriba una mezcla de crema de leche con
dulce de leche.
PORT:
Abaixo
tem bolachas molhadas com café e licor de chocolate, morangos em
cubos, pudim de chocolate e em cima uma mistura de creme de leite com
doce de leite.
(para
fechar a venda, uma conclusão que mais parecia uma pergunta)
ESP:
Todo
esto solamente por diez pesos.
PORT:
Tudo
isso por somente dez pesos.
Discursinho
caprichado, hein? Vou te contar o porquê.
Quando
eu levava o produto à vista da galera, era como hipnotizá-los!
Conforme eu falava a descrição do que tinha, o interesse crescia.
Quando você diz que tem uma porção de coisas saborosas e no fim
fala a palavra mágica “dulce de leche” e logo em seguida diz “10
pesos”, a probabilidade de recusa é muito baixa.
5. O
preço do tiramisu tava dado. 10 pesos é o tipo de grana que a
galera sempre tem e o melhor de tudo: é difícil gente que precise
de troco. O famoso “dá dois, por favor!” era muito ouvido.
6.
Mas não é muito doce isso? Credo, tanta coisa doce junta assim deve
ficar meio difícil de engolir, né? A resposta para essas dúvidas
cruéis consiste em duas palavras: café e licor. O gosto forte do
café e o toque alcoólico na mistura, juntos, quebram toda essa
melança do açúcar, ainda mais sendo duas camadas de bolachas
molhadas com isso. Sem mais objeções, né?
Logo
no primeiro dia de venda notei que era muito mais um passeio para
conhecer gente do que uma venda mesmo. Os argentinos recebem muito
bem os brasileiros e quando mais em Córdoba. A província é tão
maravilhosa em tantos pontos que fica difícil dizer que eu não
moraria ali. Ao longo de uma tarde de vendas, eu era convidado a
tomar mate, a provar lanchinhos, a dar um tapinha na pantera (num sô
de ferro, né), a conversar com belas argentinas e por aí vai.
Um
dia vi de longe três pessoas sentadas tomando sol, sentados em uma
toalha. Duas garotas e um cara. Olhei melhor e... as minas estavam
sem nada na parte de cima! Uau! Que beleza! Liberdade, mermão! Assim
fui comovido por uma força de vendas extraordinária! Enxerguei um
potencial de compras indefectível naquelas moças e obviamente
ofereci meu produto a elas. Para o meu azar, as chicas francesas não
hablavam castellano e tão interessado quanto eu estava nelas, o
chico francês estava interessado em mim, mas ninguém estava
interessado nos tiramisus! Tudo bem, não poderia dar o “tiramisu”
que o francês queria, mas conversamos um pouco e segui a caminhada.
Também não posso dizer que tudo foi perdido, né? Só o visual
daquele panorama estratégico de vendas repleto de hormônios e
oportunidades valeu a tentativa.
Para se ter uma ideia do quão fácil e lucrativo vender, eu chegava a ter um retorno de mais de R$ 130 em três ou quatro horas de trabalho! Sem chefe, conhecendo gente bacana e me divertindo! No Brasil trabalhando como barman eu ganhava R$ 100 numa noite com mais de 12 horas de trabalho as vezes! Isso com uma cambada de lazarentos me torrando o saco (e não tô falando dos clientes). Portanto eu já havia criado meu plano ideal de geração de receita. Os lances da faculdade me ajudaram muito a respeito de detalhes com custo, investimento, lucro, estratégias e análises de mercado. Mais uma vez digo que minha intenção é conseguir passar da melhor forma o que fiz para que vocês possam fazer o mesmo ou melhor :)
Fui dormir feliz. Havia feito uma boa grana em poucas horas e com uma perspectiva de ganho muito maior nos outros dias. Para dormir foi uma beleza, mas o problema é que o sonho dos campeões lamentavelmente foi interrompido por não mais que ele, o suposto amigo de quem falei antes, Martin. Acordei com ele fumando seu cigarro fedorento soprando fumaça da minha cara, golpeando o meu andar do beliche (o de cima) com socos e soltando palavrões de todas as espécies. Eu não tinha ideia do que estava rolando, só sei que não tinha nada a ver com a porra toda. Ele viu que eu acordei e não contente com o já armado showzinho, disse “Não gostou, brasileiro??? Também não gosto de você! Se não gostou vaza daqui seu viado de merda!”. O filho da puta estava completamente bêbado e não parava de dizer que o dono do hostel havia roubado ele, que queria meter porrada no cara e não sei o que mais.
Fui dormir feliz. Havia feito uma boa grana em poucas horas e com uma perspectiva de ganho muito maior nos outros dias. Para dormir foi uma beleza, mas o problema é que o sonho dos campeões lamentavelmente foi interrompido por não mais que ele, o suposto amigo de quem falei antes, Martin. Acordei com ele fumando seu cigarro fedorento soprando fumaça da minha cara, golpeando o meu andar do beliche (o de cima) com socos e soltando palavrões de todas as espécies. Eu não tinha ideia do que estava rolando, só sei que não tinha nada a ver com a porra toda. Ele viu que eu acordei e não contente com o já armado showzinho, disse “Não gostou, brasileiro??? Também não gosto de você! Se não gostou vaza daqui seu viado de merda!”. O filho da puta estava completamente bêbado e não parava de dizer que o dono do hostel havia roubado ele, que queria meter porrada no cara e não sei o que mais.
No
meio de toda essa treta, percebi que ele estava com a garrafa do MEU
SUCO tomando na moral, como se fosse dele. Assim que se cansou de
falar asneiras e de fumar duzentos cigarros, putreficando (existe
essa palavra ou criei um neologismo? Quem é esperto nunca fala que é
erro!) o ambiente com seu perfume de vodka barata misturado com fedor
de azedo (argh!), deitou. Eu já estava muito feliz com ele, mas
quando dei uma olhada no abençoado (como diria minha tia), o que vi
colado na bundinha dele? Três papéis plásticos sujos de algo que
parecia creme de leite mesclado com dulce de leche tudo isso
por 10 pesos! Imagine de onde vieram?
Minha
vontade era de atirar aquele amontoado de fedor, ignorância, chulé
e desonestidade pela janela! Fala sério, tenho paciência de ouro,
né? O cidadão me acorda porreteando minha cama me tirando do sonho
dos campeões, com cigarro na minha cara, tomando a porra do meu suco
e ainda roba na moral três itens da minha principal fonte de renda?
Não poupando palavrões, caros leitores, mas puta que o pariu,
hein?! Nessas horas dou graças por ter tido uma psicóloga tão boa
que até nesses momentos me faz pensar em qual atitude seria
prudente tomar. Ok, posso ser um trouxa por não ter feito nada, mas
o que eu menos quero é dor de cabeça e falar para um ladrão bêbado
que está acusando alguém de roubo que na verdade ele é o ladrão
não pode sair uma conversa muito amigável, certo? Além do que ali
eu perdi uns 25 pesos, mas eu garanto a vocês que paguei barato
porque se eu pudesse teria pago 50 pra não ver aquele showzinho.
No
outro dia, depois que ele já havia saído e roubado meu pulover
também, descobri que, como diriam os argentinos, ele armou aquele
quilombo porque não tinha grana pra pagar a porra do aluguel (o
número de palavrões está diretamente proporcional ao meu grau de
indignação naquele momento). Também fiquei sabendo que o meu outro
colega de quarto havia sido roubado em 1700 pesos (400 reais aprox)
em outra ocasião e que Martín alegava que no mesmo dia que roubaram
1700 pesos do Leandro, havia sumido exatos 300 pesos do cofrinho de
moeda dele e justo no mesmo dia do roubo todo, ele havia aparecido
com uma tatuagem linda no peito. O grande detalhe é que no cofrinho
havia mil pesos. Portanto como um ladrão abre um cofrinho e rouba
somente 300 pesos e deixa os outros setecentos pesos lá, Sherlock?
Não tá nem mal contada essa história, né? Tá é ridícula!
Enfim, passou, recolheu sua bagunça (MEUS TIRAMISUS E MEU PULOVER) e
se foi, para eu ver sua cara feia somente algumas semanas depois em
um bar, enquanto tomava minha água com gás e limão espremido
enquanto olhava pra ele com cara de cu e ele, por sua vez, não tinha
coragem de me olhar na cara – obvio.
Bons
momentos, ahn? Mas sem dúvidas foram os únicos momentos dos quais
eu tive vontade de cometer um assassinato nessa viagem. De resto
Córdoba me confortou.
Assim
que eu consegui reestabelecer minhas finanças, me dar ao luxo de
comer brócoli todos os dias e suco de caixinha, passei a desfrutar
mais da bela cidade de Córdoba e também de seus pueblos.
Uma
experiência muito válida foi ver Hunger Games – Mockingjay, ou em
espanhol Juegos del Hambre – Sinsajo,
no cinema. Filmasso! Pena que, assim como no Brasil, os rangos do
cinema são super caros! Uma água saiu por quase 8 reais! Algo que
não tem no Brasil, pelo menos nas cidades por onde passei, é venda
dentro do cinema. Ao longo dos traillers, um homem fica em frente ao
telão com pipoca, chocolate, refrigerantes, etc à disposição da
galera. É só levantar a mão, ele vai a sua poltrona, te entrega o
que você quer e assim que começa o filme ele vaza.
Boa
dica para quem vai visitar Córdoba é o ir ao Paseo del Buen Pastor
onde tem uma espécie de “show das águas”. Tem um chafariz e
todos os dias toca músicas em um certo horário os esquemas do
chafariz de movem com luzes e cores muito lindos! Vale a pena ver!
Motivos
pelo qual eu amo Córdoba e quem sabe um dia morarei lá:
1.
Fácil acesso a cultura – teatros, shows de rock, tango, candombes
(simm, do uruguai! Tem movimento lá também) e muito mais (você
coloca muito mais quando não lembra ou não sabe)
2.
Clima agradável – Pode ser um calor super forte, mas o agradável
aí é porque é agradável pra minha rinite que em um mês de
Córdoba não deu as caras! \o/
3.
Cordobeses – Os argentinos em geral são muito receptivos, mas os
cordobeses até agora são os mais queridos. A cidade tá cheia de
gente bonita e que recebe todos muito bem.
4.
Segurança – A polícia de Córdoba é considerada a com menos
porcentagem de corrupção (menor, mas mesmo assim é grande) e o
número de crimes na província é pouco comparado ao de outras
5.
Parques e mais parques – Parque Las Tejas e Parque Sarmiento são
ótimas opções para tomar um mate e conversar
6.
Com poucos pesos é possível chegar em lindos pueblos (cidades
pequenas) como Capilla del Monte, Carlos Paz, Cosquin, Mina Clavero e
Copina.
8. O
trem que vai desde Córdoba até Buenos Aires custa 35 pesos! Andar
700km e pagar só R$ 8,60 aprox. é coisa que só se vê na
Argentina, né? (Mas pra isso você precisa comprar a passagem tipo
três meses antes :O ou tentar na hora alguma desistência, que
geralmente rola).
9.
Tem um mercadão onde os preços são de brinks! Fica na rua Oncativo número 50.
BÔNUS!
Palavras argentinas/uruguaias/chilenas que são iguais a palavras do português somente na maneira de escreverPaíses: Argentina/Uruguai/Chile
Fome: Usado em expressões como "que chato", eles dizem, "que fome"
Tarado: Mané, mongo
Rato: Palavra que indica tempo, ex: "me quedo un rato" = "fico um tempo"
Vaso: Copo
Taza: Xícara
Copa: Taça
Comedor: Lugar onde as pessoas comem
Boliche: Balada
Exquisito: Gostoso
Extrañar: Sentir falta de alguém
Sorvete: Canudo
País: Uruguai
Mulher ou homem gatx: Para os uruguaios é um dos termos "simpáticos" que são usados para dizer que uma mulher ou homem é putx
País: Chile
Camarote: Beliche
Países: Argentina/Uruguai
Pajero: Vagabundo, folgado
Vagabundo: Mendigo