Estava
triste por ter saído do Uruguai, mas ao mesmo tempo muito feliz por
ter voltado a bela Argentina dos preços maravilhosos. Como na
primeira semana que estava na Argentina não aproveitei muito para
conhecer lugares turísticos, desta vez resolvi seguir as
programações básicas e o primeiro lugar que eu teria que visitar
era, sem dúvidas, o Caminito.
Uma
dica ótima para quem está indo para Buenos Aires, é instalar o
aplicativo BA – Como llego. Nele você escreve onde está e para
onde quer ir e pronto, há um milhão de rotas diferentes que pode
tomar dizendo exatamente onde passa cada ônibus, trem ou metrô.
Vale mesmo muito a pena comprar um chip em cada país que vá. Eu
optei pela operadora Personal porque sou Maria vai com as outras. Já
que meu amigo italiano tinha personal, comprei Personal também e
boa, não me arrependo. Assim você pode usar o 3G e se guiar
tranquilamente com o aplicativo.
NÃO
ACONSELHO A PEGAR TÁXIS EM BUENOS AIRES A NÃO SER QUE VOCÊ MANJE
MUITO DA CIDADE! Não sei o que passa com os condutores de ônibus e
táxis na capital argentina, só sei que todos (ou quase todos) têm
um humor terrível e a vontade de te ajudar é sempre a mínima. Por
sorte todos os motoristas me disseram onde eu teria parar e tudo
mais, mas sempre fiquei acompanhando a rota pelo GPS porque eles
diziam “se eu lembrar onde você tem que descer, eu aviso” e
convenhamos que isso não passa muita confiança.
Saiu
no jornal que na semana passada um motorista de ônibus estava
fumando enquanto dirigia (assim, na moral, a luz do dia) e um homem
disse que ele não podia, que era lei e não sei mais o quê. O
problema é que o cara se enfezou, parou o ônibus e começou a
agredir o passageiro! Não contente com as pancadas, arrastou ele pra
fora do veículo e continuou a briga. Para se proteger, ele
(passageiro) pegou uma pedra e mandou ver no babaca. Não satisfeito
com toda a merda, o cidadão entrou no ônibus e voltou com uma faca!
E aí por sorte algumas boas almas separaram a briga e chegou a
polícia. Pasmem, o motorista continuou trabalhando normalmente, como
se nada tivesse acontecido.
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Faquinha na mão, sangue no peito e uma pancinha cheia de más intenções. Cuidado, ele pode estar dirigindo seu ônibus em sua visita à Argentina MUAHAHAHAHAHAHAHA >:D |
Uns
amigos americanos pagaram uma nota para andar nem 8km de táxi, algo
em torno de 150 pesos, o que é um roubo pelo trajeto! Portanto, se
forem tomar táxi, aconselho a indicarem o caminho que o taxista tem
que seguir ou se não podem se arrepender amargamente. Outro detalhe
é que muitos, assim que escutam o sotaque de estrangeiro, cobram
como bandeira dois! Então é melhor sempre verificar o quanto começa
a cobrar porque não é só a quantia inicial que aumenta, é toda a
cobrança da quilometragem! Portanto fiquem espertos com esses caras.
Andar de ônibus e metrô não mata ninguém, né?
Rumo
ao Caminito, tomei um ônibus em frente a Plaza Itália e cheguei ao
bairro La Boca em pouco mais de uma hora porque fica um pouco longe
mesmo. O Caminito é lindo, mas tome muito cuidado ao chegar lá
porque o bairro é bem complicado, uma região bem marginalizada e
com alto índice de criminalidade.
Que
lugar maravilhoso! Excelente ponto turístico e uma máquina de
dinheiro também. Avistei aqueles lugares para meter a cara e tirar
foto e achei bem bacana um que tinha do futebol e o único para
pessoas forever alone como eu que fui ao Caminito sozinho (snif),
porque todos os outros eram para casais. Pedi para uns americanos
sacarem uma foto e corri para meter a cara no buraco (ui!). Estava
todo feliz me posicionando e sai um maluco do nada gritando “20
PESOS!!! 20 PESOS!!!”! Logo entendi que qualquer peido pela região
me sairia por, no mínimo, 20 pesos.
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Pra valer os 20 pesos coloquei a imagem aqui, no instagram e no Facebook! Vou colocar no Fotolog também! |
Estava
cagado de fome e resolvi procurar alguma opção barata pra comer.
Cheguei em um comércio de roupas e perguntei gentilmente ao homem
“Hola, como estás? Sabes donde yo puedo comer em un lugar más
económico? :D”, em menos de 10 segundos ele me levou a um homem
que estava no meio da rua e disse a ele “EL QUIER COMER” e este
segundo homem me levou a uma mesa, me trouxe cardápio e logo o
garçom estava perguntando o que eu queria comer. Na real eu nem
queria comer lá, mas tudo aconteceu tão rápido que nem percebi
quando estava pedindo uma pizza de mussarela. Famosa seleção “mais
barato... mais barato... qual é...”, daquelas que nem te importa o
que vai comer e sim o quanto vai pagar. Uma vez pobre, pobre em
qualquer lugar. Antes da pizza chegaram uns pãezinhos com vegetais
bacanas que comi como se fosse um homem que acabara de sair do
deserto do Saara com uma fome jamais vista no Caminito e os pãezinhos
desapareceram em poucos segundos. Pensei “Que bacana, inclui
entrada!”. Como é costume na Argentina, pensei em dar 70 pesos no
total, porque a pizza era 55 pesos e como é costume deixar gorjeta,
deixaria uma boa quantia, porque geralmente a galera dá 10% ou
menos.
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O garçom é ligeiro, mas a pizza é uma delícia. Para facilitar: Jamón = presunto Pollo = frango |
A
pizza chegou, estava deliciosa e enquanto estava comendo, ouvi uns
barulhos e como estava cagado de fome, nem me dei ao trabalho de
olhar o que era e só pensava “pizza deliciosa, puta merda, que
delícia! Caminito é caro, mas tá bom hein, meu chapéu” quando
me dei conta que eu era a única pessoa comendo nas mesas da rua e
que o garçom estava gritando, de dentro do restaurante “BRASILEÑO
VENI ACÁ AHORA!!!!!”. Assim descobri que tava rolando um tiroteio
a duas quadras na mesma rua e que a polícia já havia tomado o
local! Uau! Que eu sou distraído já sabia, mas não tinha ideia de
que era tanto assim. Dentro do restaurante estavam todos com tanto
medo quanto eu estava com fome. Pelo que disseram, estava rolando
alguma treta entre uns caras na rua e um deles sacou o trabuco e
tascou fogo, mas não pegou em ninguém. Acabou que não deu em nada.
A polícia chegou, os caras correram e minha pizza esfriou (beleza).
As pessoas estavam chocadas com o tiroteio, mas eu fiquei chocado
mesmo é com a pachorra que o garçom me aprontou. Peguei a conta e
estava cobrando a entrada, por 15 pesos! Entreguei os 70 pesos e ele
me olhou com cara de cu, mas pra mim estava muito bem pago, afinal de
contas eu pedi uma coisa e não a outra, então ficou sem gorjeta,
panaca.
Back
to Caminito, saquei uma porção de fotos e quase me arrancaram mais
30 pesos porque fui tirar foto da paisagem e acidentalmente quase
peguei na foto um Maradona fake que cobrava para tirar foto com ele.
Chegou todo puto dizendo que eu teria que pagar a foto, aí mostrei
que ele não apareceu e ele voltou pra sua cadeira com um humor
terrível. Cuzão igual ao Maradona! Um cover respeitável.
Estava transitando por entre umas instalações lindas e bem características da região e encontrei um simpático homem tocando acordeom que quando me viu com a camiseta do Led, começou a tocar nada mais nada menos que Stairway to Heaven! HÁ! Esse conseguiu me arrancar 20 pesos fácil.
Para
quem tem grana, tem uma porção de restaurantes bacanas e caros para
ver o belíssimo tango! Para quem não tem, uma boa opção é
comprar uma água mineral e ficar olhando de pé, ao lado das pessoas
que estão pagando no restaurante caro! Tã dããããã! Há, o pobre
sempre dá um jeito legal de fazer as coisas. Vão cobrar porque você
tá olhando algo que tá na rua? Não né? Só não tire foto porque
já sabe né?
Do
Caminito fui direto para o Cemitério de Recoleta, que é um lugar
lindo e onde estão enterradas grandes figuras argentinas. Lá estava
meio perdido porque havia perdido as visitas guiadas, mas pedindo
informação se consegue tudo e tive a sorte de ter uma mini visita
guiada por um médico argentino muito brother que me levou até o
túmulo da Evita. Para quem não conhece Evita além do bordão
“DON'T CRY FOR ME ARGENTIIIINA” saiba que Evita foi uma revolucionária artista argentina que lutou muito pelas classes menos favorecidas chegando a se tornar vice presidente em uma época em que as mulheres não tinham muita voz, enfim, é
um grande personagem na cultura Argentina e também no mundo. Vale a
pena fazer uma visitinha na cripta dela.
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"Amigo, tira uma foto pra mim? Meu pé não tá muito bacana, pega a partir da canela que fica bom" |
Esta
foto abaixo é da cripta de Rufina Cambaceres, o segundo túmulo mais
visitado do Cemitério de Recoleta. Mas afinal, por que é o segundo
mais visitado se ela não foi nenhum personagem político, atriz ou
algo assim? Rufina só ficou famosa depois que morreu... ou quase
isso. Ela foi diagnosticada morta e assim foi enterrada. Mas
diferente dos clássicos túmulos do Brasil, eles não enterram o
paletó de madeira. Ele fica numa casinha bonita! Então meteram a
pobre Rufina no paletó e mandaram para a casinha. Acontece que
durante as noites, os coveiros começaram a escutar gritos vindos de
algum lugar e passaram dias até que descobrissem de onde vinham os
gritos. Resolveram abrir o paletó que vestiram Rufina e encontraram
ela em uma posição muito diferente de quando ela havia sido
“vestida”. A pobre coitada havia sido diagnosticada morta por
engano e até pouco tempo antes de descobrirem, ela estava vivinha!
Clamando aos deuses para que alguém a escutasse de dentro do paletó
do destino final. Pobre coitada... enfim, agora vocês sabem porque
Rufina recebe tantas visitas.
Os amantes dos gatos vão sentir muita pena dos pobrezinhos que transitam pelo cemitério. Muitos estão bem machucados :( Este pobrezinho mal conseguia andar, estava todo manco :(
Marco,
meu amigo italiano que vive em Buenos Aires, é um cara muito bacana.
Tem grana e curte programações baratas. Cara esperto, jamais vai
ficar pobre. Com ele fui assistir Relatos Savajes, o primeiro filme
argentino que assisti e que deu record de bilheteria por aqui.
Filmasso, engraçado pra caraio. Melhor que o filme, só o preço!
Marco me levou a uma região inóspita conhecida pela abundância de
oferta de profissionais do sexo e pelo crime, MAS TAMBÉM pelo cinema
barateza. Pagamos uma bagatela de 6 pesos para assistir um filmasso
que estava em cartaz também nos melhores e mais caros cinemas. Como
disse o Marco, por que diabos vou pagar uma grana pra assistir a
mesma porra de filme que aqui pago 6 pesos? Continuando a programação
barateza master passamos na pizza de 5 pesos e compramos uma pizza
grande para nós por 42 pesos (8 fatias + 2 pesos pelo orégano –
justo). Depois de comermos fomos a um bar gay onde estava meu amigo
brasileiro Thiago, também meu anfitrião em Buenos Aires. Esse sim
era um lugar caro. Quem me conhece sabe que não bebo alcoolicos e
então pedi uma água com gás e limão espremido, o de sempre.
TRINTA E CINCO PESOS! MEU DEUS! E não era nem uma garrafa, era uma
porra dum copo. Mais caro que o cinema e a pizza! No bar gay
(Peauteau) não haviam opções pra mim, visto que curto umas tetéias
e as tetéias que estavam lá gostavam da mesma fruta que eu, logo eu
estava como uma cebola na salada de frutas, mas estava divertido
igual com brothers do Thiago super engraçados. Para quem quer viajar
e tem preconceito com gays, saiba que a maior parte das pessoas que
me hospedaram em toda minha viagem até agora são gays! Quem é
preconceituoso não sabe as amizades que estão perdendo. No Uruguai,
por exemplo, um casal gay que me hospedou, me divertiu pra caralho
fazendo um milhão de piadas e ainda me apresentaram uma porção de
mulheres maravilhosas (não peguei ninguém, beleza, mas conhecer é
sempre bom).
No
dia seguinte tomei um metrô até a estação Constitución e de lá
com um trem fui até La Plata. Viajar 120km de trem por 2,25 pesos?
Coisas que só a Argentina faz por você. Lá fiquei na casa de uma
boliviana fera que conheci no Uruguai.
Algo
engraçado para relatar é que vendem de tudo nessas viagens de trem!
De tudo mesmo! Alfajores, remédios para dor, ervas para digestão,
pilhas, chicletes, linhas de costura, incensos, filmes (a lá DVD DVD
DVD UM É 5 TRÊS É 10 do Brasil) e cds com compilados de músicas.
A maneira como os caras que vendem os compilados de música fazem me
chamou muita atenção! Os caras entram no vagão com um minisystem
no talo tocando uma porção de músicas nacionais e internacionais!
E o que achei mais legal é que as pessoas não se incomodam, muito
pelo contrário! Até balançam a cabeça como quem estão curtindo!
Uau, um mundo extremamente diferente mesmo. Depois de conhecer a
Argentina fiquei pensativo a respeito de como a sociedade brasileira
se importa e julga muito a todo momento. Temos muito a aprender com
os hermanos. Obviamente todos temos muito que aprender uns com os
outros.
La
Plata é uma cidade que me chamou muita atenção. Simples a quem
observa superficialmente e muito rica para quem se aprofunda. É uma
pequena cidade universitária com um excelente nível de educação.
Cidade inteligente e bem planejada. Tem as ruas todas por números
(assim como é Balneário Camboriú) e bem quadradadinha, fazendo com
que as pessoas encontrem tudo muito facilmente. Cheia de praças
grandes e pequenas em todos os cantos. Lá tem um centro cultural
onde passam grandes óperas, teatros e demais obras artísticas. Fui
assistir uma ópera, mas os preços estavam muito salgados. Os
melhores lugares estavam custando 180 pesos, MAS (em caps mesmo)
havia um desconto master de 90% para pessoas de até 25 anos! Assim
paguei uma pechincha pra assistir uma ópera maravilhosa que me fez
chorar um par de vezes. Os músicos argentinos me impressionaram com
muita beleza e profundidade em cada ato. Uma harmonia tremenda que
emociona a quem tem a arte como uma das prioridades de sua vida.
Na
noite deste dia tomei coragem e resolvi investir em uma empreitada
romântica com a boliviana e por sorte neste dia começou um
verdadeiro intercâmbio cultural extremamente enriquecedor. Conversar
com um estrangeiro é algo que agrega, ter um estrangeiro em casa é
algo que agrega mais, mas nada se comparada a ter uma relação com
um estrangeiro (ou neste caso, estrangeira).
No
dia seguinte fui convocado a fazer a segunda edição da Noite da
Caipirinha, mas desta vez em La Plata, somente para meus amigos
hermanos. Compramos kiwi, morango, limão, abacaxi e limão e os
argentinos tomaram como água durante toda a noite. Mais um sucesso
brasileiro na Argentina! Como havia dito no post anterior, as baladas
(aqui a palavra para balada é boliche – bolitche numa gramática
abrasileirada) começam muito mais tarde que no Brasil, como três da
manhã! Assim saímos da noite da caipirinha e fomos curtir um
boliche.
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Foco é para os fracos |
Ao
que me parece, os argentinos são pessoas muito mais tranquilas que
os brasileiros mesmo. Artistas tem mais liberdade para fazer seu
trabalho e as mulheres usam pouca maquiagem ou nada de maquiagem. A
beleza é mais natural. E no Brasil a mulherada fazendo o desafio da
cara limpa HAHAHAHAHA é uma crítica construtiva, não é? Essa
ditadura da beleza que a sociedade impõe no mundo todo é algo muito
absurdo e doente. Li uma matéria sobre a Coreia do Sul que diz que a
porcentagem de mulheres que fazem cirurgias plásticas é altíssima
e que estão sempre em busca dum modelo perfeito de beleza. Creio que
no Brasil não muda muito isso também, já que o número de
cirurgias plásticas é altíssimo também. Que triste esse mundo
onde as pessoas pensam que a beleza está na estética e esquecem bem
que pensar e estar bem consigo mesmo é muito mais saudável que
qualquer toque de “beleza”. Beleza é poder rir e se divertir
consigo mesmo sem necessitar demais adereços. Bom, fica aí o
pensamento do dia.
No
domingo parti para Ezeiza, mas até chegar lá foi um tremendo
perrengue. Para chegar à chácara eu deveria tomar uma van (aqui
chamam van de kombi, mas não é kombi, all clear?) que sairia do
Obelisco as 20:30, mas por problemas de organização – AQUI FICA
CLARO QUE É BEM LEGAL ORGANIZAR TUDO ANTES DE VIAJAR, POR FAVOR –
cheguei ao Obelisco exatamente as 20:25 e o lugar pra pegar a “kombi”
era exatamente ao lado do monumento, mas como eu não sabia o local
exato, fiquei correndo de um lado para o outro numa chuva cabreira e
acabou que cheguei ao local 10 minutos depois da van ter saído.
Desesperado,
liguei para o serviço “Moça, por favor, não tem outra van? Sou
estrangeiro e preciso chegar em Ezeiza hoje!” Mas não tinha
xororô, não havia mais nenhum direto até onde eu precisaria
chegar. Não havia mais NINGUÉM no terminal de kombi, só eu, os
trabalhores de outras empresas de transporte e... uma mulher. Esta
mulher escutou eu falando no telefone e disse:
-
Onde exatamente você precisa chegar?
- É
uma chácara em Ezeiza, que tem um espaço zen.
-
Qual é o nome?
-
Las Tierras de Avalon.
-
Sério? São meus clientes, posso ajudar você a chegar lá.
Essa
boa alma (acredito até agora que seja um anjo, na moral, porque
nenhum dos donos conheciam essa mulher com todas as descrições que
disse) me levou com uma kombi até o Shopping Las Toscas (tosco esse
nome, né? Ba dum tss) e de lá eu teria que tomar um remís até a
granja. Um remís é tipo um táxi, só que mais barato porque não é
do governo. O remís me sairia 35 pesos e perfeito, estava de bom
tamanho. O anjo foi comigo até o centro de remís solicitar um para
mim para que não fizessem outro preço porque sou turista (ah esses
oportunistas...).
O
remís chegou e entrou na região das chácaras. O problema é que
estava um temporal absurdo e as ruas de barro estavam todas alagadas.
O taxista tentou contornar as áreas alagadas, mas não havia como
porque justo rumo ao meu destino, estava um completo banhado. O
taxista rodou um montão e eu perguntei:
-
Amigo, já estamos rodando há um bom tempo. Já passou dos 35 pesos
que a mulher disse que sairia?
- Já
sim, agora está em 42, mas se a mulher te disse 35, então será 35
pesos.
Fiquei
impressionado com a honestidade e cordialidade do taxista e aí ele
me explicou que nos grandes centros os taxistas são mais cuzões
mesmo e que nas cidades menores são condutores mais honestos. Disse
ao homem que me deixasse onde conseguisse chegar mais perto e que de
lá eu caminharia rumo ao meu destino. O homem me perguntou se eu
tinha certeza da loucura que estava prestes a fazer e eu concordei,
afinal, as vezes invento cada uma mesmo.
Saí
do táxi e a chuva estava muito forte! Um temporal que até então
não havia presenciado na minha viagem. Onze e meia da noite, no meio
do nada, longe pelo menos 10km de qualquer civilização, em um país
que mal conheço, em uma região que nada conhecia, segui caminhando
com uma tempestade brutal. Em certo ponto do caminho a água estava
tão alta que passava dos meus joelhos e dificultava minha caminhada.
Vamos revisar, eu não havia mencionado que estava com o notebook e o
celular, né? Bom, continuei caminhando pensando seriamente se o que
estava fazendo era uma grande cagada e que deveria pensar melhor em
próximas decisões da minha vida (se eu conseguisse passar dalí).
Caminhei
dois quilômetros nessa situação e uma hora bateu um pequeno
desespero, mas nessas horas não há opção senão manter a calma.
Uma hora passei do banhado e assim cheguei a uma parte que só havia
lama, mas pelo menos não havia água passando dos joelhos. Continuei
caminhando e avistei uma pequena cabana com uma luz fraca e gritei
com toda força que a vida em desespero me permitiu:
-
HOOOOOOOOOOOOOOOOOOLA!!!!! BUENAS NOCHES!!!!!!!!!!!!!! POR FAVOR ME
AYUDA!
Saiu
um cidadão um pouco estranho, meio manco, com botas até os joelhos
e com um chapéu que cobria a maior parte da sua cara.
-
Que necesita, flaco? (flaco = magro)
Perguntei
da chácara de Las Tierras de Avalon e o cara não tinha ideia, então
disse o nome da chácara e ele apontou a próxima casa. Enfim, uma
luz no fim do túnel. Cheguei, toquei a campainha e boa, o homem
apareceu e me abrigou. Mas eu não estava tão a salvo assim...
Mais
no próximo post ;)
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